Jovens tomam dianteira do debate sobre clima em ‘esquenta’ para cúpula da ONU
Evento preparatório para o Summit of the Future, em Nova York, destacou que jovens devem ter voz e influenciar decisões de líderes globais
A Casa G20, que funciona na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, sediou nesta quarta-feira, 4, um evento que reuniu jovens do Rio de Janeiro para debater o papel das novas gerações no futuro da educação, inclusão social e mudanças climáticas.
Organizado pelo Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e pelo Consulado Geral da Alemanha, o encontro foi um esquenta para o Summit of the Future, cúpula da ONU que acontecerá entre 20 a 23 de setembro em Nova York, com o objetivo de traduzir e contextualizar para os jovens os debates que serão levados às grandes conferências internacionais.
Durante o evento, duas alunas e uma ex-aluna de escolas e universidades públicas do Rio, que são residentes de comunidades da cidade, apresentaram suas perspectivas e preocupações em relação às mudanças climáticas, inclusão e educação.
“Os jovens estão dando visibilidade para temas importantes, como igualdade de gênero, que os adultos ainda não discutem o suficiente”, disse Ranna Cortês, de 15 anos, uma das palestrantes do evento e membro do Instituto Bola pra Frente.
A participação dos jovens foi destacada como essencial para influenciar as políticas que serão debatidas tanto no Summit of the Future quanto na COP30, marcada para 2025 em Belém.
“Este é um momento crucial para garantir que as vozes das novas gerações sejam ouvidas nas decisões que moldarão o futuro”, afirmou Jan Freigang, cônsul-geral da Alemanha no Rio. Segundo ele, a ideia é que as demandas dos jovens cheguem aos grandes fóruns internacionais, influenciando diretamente as decisões dos líderes globais.
Cúpula do futuro
O Summit of the Future reunirá líderes dos 193 Estados-membros da ONU entre os dias 22 e 23 de setembro para estabelecer um novo consenso internacional sobre ações para enfrentar os múltiplos desafios da atualidade.
Freigang garantiu que as preocupações e propostas dos jovens expressadas no evento em relação ao racismo ambiental, desigualdade de gênero, justiça climática e investimento na educação serão levadas em consideração na cúpula em Nova York. “Os temas incidem justamente nas gerações futuras, e a juventude deve ter voz nas decisões que vão afetar suas vidas”, disse ele.
Ao final da cúpula, espera-se que as lideranças políticas adotem um “Pacto para o Futuro”, que visa estabelecer metas para criar uma comunidade global mais resiliente para as gerações atuais e futuras.
COP30 em Belém
A COP30, maior conferência sobre mudanças climáticas da ONU, que o Pará vai sediar em 2025, também foi um dos temas de destaque no evento.
Os jovens cariocas trouxeram preocupações em relação ao impacto das mudanças climáticas no Rio de Janeiro, destacando um diagnóstico divulgado em maio pela associação civil Casa Fluminense, que aponta que mais de 1 milhão de casas na Região Metropolitana do Rio estão situadas em áreas de alto risco para inundações.
Essas estatísticas promoveram debates sobre como questões locais devem ser abordadas nas conferências internacionais, e sobre a necessidade urgente da cidade adotar medidas de adaptação climática, envolvendo desde o planejamento urbano até a criação de políticas públicas que protejam as comunidades mais vulneráveis.
Belém foi confirmada como sede da COP em dezembro de 2023. Depois de eleito, o presidente Lula sugeriu que a conferência fosse realizada na Amazônia pela primeira vez como forma de valorizar a floresta e discutir políticas sustentáveis para a região.