Jornalista americano é acusado formalmente de espionagem na Rússia
Agências de notícias russas informaram que o repórter Evan Gershkovich negou as acusações
![A picture taken on July 24, 2021 shows journalist Evan Gershkovich. - A US reporter for The Wall Street Journal newspaper has been detained in Russia for espionage, Russian news agencies reported Thursday, citing the FSB security services. "The FSB halted the illegal activities of US citizen Evan Gershkovich... a correspondent of the Moscow bureau of the American newspaper The Wall Street Journal, accredited with the Russian foreign ministry," the FSB was quoted as saying. He is "suspected of spying in the interests of the American government" and of collecting information "on an enterprise of the Russian military-industrial complex," agencies reported. (Photo by Dimitar DILKOFF / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/03/000_33CB7XC.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O repórter do jornal americano Wall Street Journal, Evan Gershkovich, detido na semana passada na Rússia, foi indiciado por espionagem em território russo nesta sexta-feira, 7, acusação na qual o jornalista nega, informaram as agências de notícias russas Tass e Interfax.
Segundo uma fonte da polícia, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), acusou oficialmente o jornalista americano, que pode ficar até 20 anos de cadeia.
“A investigação do FSB acusou Gershkovich de espionagem no interesse de seu país. Ele negou categoricamente todas as acusações e afirmou que estava envolvido em atividades jornalísticas na Rússia”, citou a fonte da Tass.
Até o momento, os veículos russos não informaram de que forma Gershkovich foi formalmente acusado, ou quando o indiciamento ocorreu. A maioria dos suspeitos recebem um documento que descreve as acusações.
No sistema legal russo, a apresentação de acusações e uma resposta do acusado compõem o início formal de uma investigação criminal, que leva a um longo e secreto processo judicial.
O jornalista americano de 31 anos foi preso pelas autoridades russas em Yekaterinburg, a quarta maior cidade da Rússia, no dia 29 de março. Gershkovich é o primeiro correspondente dos Estados Unidos a ser detido por espionagem desde a Guerra Fria.
De acordo com o FSB, o repórter tentou obter informações secretas sobre uma fábrica de armas russas. O Wall Street Journal negou todas as acusações.
O caso causou uma revolta no cenário internacional, e diversos líderes americanos se manifestaram contra o indiciamento do jornalista. Em uma rara declaração bipartidária dos Estados Unidos, os dois principais líderes do Senado exigiram nesta sexta-feira que a Rússia libertasse Gershkovich imediatamente.
O líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, e o líder da minoria no Senado, o republicano Mitch McConnell, declararam que a atividade jornalística “não é crime”. Eles aproveitaram para elogiar Gershkovich como um “jornalista independente conhecido e respeitado internacionalmente”.
Nesta quinta-feira 6, o embaixador dos Estados Unidos na Rússia, Lynne Tracy, e o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, enfatizaram “a gravidade das acusações” contra Gershkovich, informou um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Porém, a declaração repetiu as afirmações russas anteriores de que o repórter “foi pego em flagrante enquanto tentava obter informações secretas, usando seu status jornalístico como cobertura para ações ilegais”.
De acordo com a editora-chefe do Wall Street Journal, Emma Tucker, os advogados que representam Gershkovich se encontraram com ele nesta terça-feira 4 pela primeira vez desde sua detenção. Tucker declarou que ele está bem de saúde e ficou “grato pelo apoio de todo o mundo”.
Enquanto as investigações ainda estão em andamento, Gershkovich foi condenado a ficar atrás das grades por dois meses na Rússia. Um tribunal de Moscou disse nesta segunda-feira 3 que recebeu um recurso da defesa contra sua prisão. O recurso será ouvido em 18 de abril, afirmaram agências de notícias russas.
No dia 31 de março, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, exigiu que o jornalista fosse solto imediatamente em uma declaração a repórteres na Casa Branca.