Jogadores de futebol pró-Palestina sofrem retaliações de clubes europeus
Após declararem apoio à causa palestina, em meio à guerra Israel-Hamas, jogadores de origem árabe sofreram punições na França e Alemanha
Alguns jogadores de futebol que manifestaram apoio aos povos palestinos, em meio à guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, tornaram-se nos últimos dias alvo de retaliações de seus clubes e, em certos casos, até mesmo de políticos na Europa. Dois que atuam na Alemanha, um da França e o consagrado Karim Benzema estão entre os alvos das autoridades.
O Mainz, time que disputa a principal liga da Alemanha, Bundesliga, suspendeu nesta terça feira 17 o atacante Anwar El Ghazi, de origem marroquina, por conta de uma série de publicações favoráveis aos palestinos nas redes sociais. Ele excluiu todas depois da polêmica.
“Do rio ao mar, a Palestina será livre”, escreveu El Ghazi em uma das postagens, o que foi interpretado como uma “negação do direito de Israel existir”, pois ele sugeriu que o território palestino deveria estender-se do rio Jordão ao Mediterrâneo – incluindo, portanto, o atual Estado israelense.
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Em nota, o Mainz declarou que as postagens de El Ghazi se “distanciam dos valores exercidos pelo clube”, apesar de respeitar posicionamentos diversos sobre a crise no Oriente Médio.
Ainda na Alemanha, o também marroquino Noussair Mazraoui, lateral do Bayern de Munique, corre risco de ser punido pelo clube porque teria considerado as ações do Hamas em Israel “uma vitória do povo palestino”, segundo a imprensa europeia. O deputado Johannes Steineiger exigiu que ele seja julgado e retirado do país.
Na França, o lateral argelino Youcef Atal, do Nice, também foi suspenso por motivo semelhante, e o Conselho de Ética da Federação Francesa de Futebol abriu uma investigação contra o atleta.
Mas o episódio de maior repercussão até agora, ainda entre franceses, começou no último domingo 15. O melhor jogador do mundo em 2022, Karim Benzema, nascido em Lyon e filho de argelinos, entrou em embates diretos com o ministro do Interior do país, Gérald Darmanin.
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Após uma declaração de solidariedade a Gaza, o artilheiro francês foi acusado pelo integrante do governo de Emmanuel Macron de ter vínculos com a Irmandade Mulçumana, um grupo islâmico sunita criada no Egito, atualmente banido do Cairo e acusado pelo Ocidente de fomentar atos terroristas, inclusive do Hamas.
“Benzema tem vínculos notórios, todos nós sabemos, com a Irmandade Muçulmana”, acusou Darmanin.
Por meio de seus advogados, o futebolista que hoje atua no clube Al-Ittihad, da Arábia Saudita, negou qualquer envolvimento com a organização, e disse que considera prestar queixa contra o ministro.
A postagem do ex-atacante do Real Madrid que motivou esse desenrolar dizia “todas as nossas orações para os habitantes de Gaza, que mais uma vez são vítimas de injustos bombardeiros que não poupam mulheres nem crianças”.