Joe Biden encontra o ‘pária’ MBS na Arábia Saudita
Depois de condenar Mohammad Bin Salman pela participação no assassinato de Jamal Kashoggi, Biden precisa dos sauditas para produzir mais petróleo
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou à Arábia Saudita nesta sexta-feira, 15, para encontrar-se com o príncipe herdeiro Mohammad Bin Salman, o MBS. A visita faz parte de uma turnê de quatro dias pelo Oriente Médio, onde o americano concentra-se na agenda diplomática de segurança, visando o Irã e seu programa nuclear, e na agenda doméstica de combustíveis.
Antes condenando MBS como “pária”, devido à sua participação no assassinato do jornalista dissidente Jamal Kashoggi, agora Biden vai ao beija-mão do príncipe para negociar o aumento da produção de petróleo para um dos mais poderosos membros da Opep. O efeito cascata da guerra na Ucrânia e das sanções contra a Rússia fez com que o fornecimento de petróleo caísse e os preços nas bombas de combustível disparassem, gerando uma crise inflacionária nos Estados Unidos – nada bom para a popularidade de seu líder.
Biden foi recebido na Arábia Saudita por uma comitiva liderada por membros da família real, a princesa Reema bint Bandar Al Saud, embaixadora saudita em Washington, e o príncipe Khalid Al Faisal, governador de Meca e próximo ao rei Salman. Mas a cerimônia foi decididamente desprovida de pompa. Um pequeno número de seguranças uniformizados com espadas estavam perfeitamente alinhados ao longo de um tapete lilás, mas o grupo era ainda menor do que na recepção do presidente Barack Obama, em 2016.
Chegando ao palácio de al-Salam, Biden foi recebido pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, e os dois trocaram um comprimento de “soquinho”, aparentemente sem trocar palavras, antes que o príncipe levasse o presidente para aposentos privados. Os assessores de Biden estavam receosos de haver qualquer fotografia do presidente se encontrando com o príncipe Mohammed.
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Mais tarde, Biden realizará uma “sessão de trabalho” junto com sua equipe com o príncipe Mohammed e vários ministros sauditas.
A chegada de Biden à Arábia Saudita foi cortês, mas fria em comparação com a saudação entusiástica que o ex-presidente Donald Trump recebeu em 2017, quando o rei Salman o recebeu na pista de voo. Trump fez da Arábia Saudita seu primeiro destino no exterior como presidente, uma ruptura acentuada com a tradição e um sinal de como ele alinharia seu governo com os sauditas.
Embora Biden tenha prometido como candidato punir a Arábia Saudita pelo assassinato de Khashoggi, tornando o reino um “pária”, o presidente decidiu que valia o custo político de viajar para lá para, além da produção de petróleo, combater a influência chinesa e incentivar laços mais estreitos com Israel.
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Em outros casos, incluindo recentemente Cuba e Venezuela, Biden enfatizou que seu governo está fazendo da democracia e do respeito pelos direitos humanos a consideração primordial para lidar com líderes de outras nações.
Mas na quinta-feira em Jerusalém, ele disse que estava indo para a Arábia Saudita para promover os interesses dos Estados Unidos – isso inclui fazer com que o reino bombeie mais petróleo, aproveitando sua capacidade ociosa um tanto modesta.