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Jato de luxo que Catar quer dar a Trump pode não estar à altura do Air Force One

Mesmo com modernizações caras, avião da realeza catari pode exigir escolta militar e voar apenas em território americano devido a lacunas de segurança

Por Júlia Sofia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 Maio 2025, 15h46

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no início desta semana que vai aceitar aceitou como presente da família real do Catar um Boeing 747-8 de R$ 2,2 bilhões, apelidado de “palácio no céu”, que substituirá o Air Force One como avião presidencial durante seu mandato. O gesto está cercado de controvérsia: o chefe da Casa Branca é proibido por uma cláusula da Constituição americana de receber pagamentos de governos estrangeiros sem o consentimento do Congresso. Fora isso, pode nem estar à altura do Air Force One.

O luxuoso jato só poderia voar pelo espaço aéreo doméstico sob escoltas de caças militares, caso não receba uma profunda modernização de defesa e comunicação, afirmam fontes da indústria e analistas de aviação. Mesmo depois de eventuais melhorias — como novos sistemas antimís­seis, blindagem eletrônica e canais criptografados —, o avião de treze anos ainda ficaria aquém da proteção integrada na atual aeronave presidencial. Trump, contudo, pode dispensar qualquer exigência técnica com uma simples canetada.

Atrasos x lacunas de segurança

A proposta catari surgiu após sucessivos atrasos nos dois 747-8 encomendados à Boeing (pelo próprio Trump, em seu primeiro mandato) para substituírem o atual Air Force One. Previstas agora para 2027 – três anos a mais que o cronograma original, devido a entraves técnicos e à pandemia de Covid-19 –, as aeronaves já custaram à fabricante mais de US$ 4,7 bilhões e geraram US$ 2,4 bilhões em prejuízos.

Enquanto esperava, Trump avaliou pessoalmente o jato catari em fevereiro – e gostou do que viu. O presidente disse, ainda, que seria “bobagem” recusar o presente estimado em US$ 400 milhões.

Diferentemente do Air Force One, projetado para resistir até mesmo ao pulso eletromagnético de uma detonação nuclear, a aeronave catari não dispõe de sensores infravermelhos, lançadores de flare ou bloqueadores eletrônicos de última geração. Por isso, o Pentágono cogita restringir as rotas do avião ao espaço aéreo americano, além de utilizar caças como guarda-costas.

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Além dos sistemas defensivos, o avião precisaria de uma suíte de comunicações capaz de suportar ligações encriptadas da Casa Branca, rede interna para a tripulação e infraestrutura para abrigar equipe presidencial, Serviço Secreto e imprensa.

Como presidente, Trump tem poderes para relevar qualquer lacuna de segurança. “Se ele aceitar o risco de voar sem todos os recursos do verdadeiro Air Force One, nada o impede”, resumiu Mark Cancian, ex-oficial da Força Aérea, em entrevista à agência de notícias Reuters.

Ainda assim, haveria limites. Voos internacionais podem ficar fora de cogitação, por exemplo, uma vez que nem sempre é possível garantir o mesmo nível de proteção em aeroportos no exterior.

Embora cite um preço “de tabela” de US$ 400 milhões, o governo não revela quanto pagaria — se pagar — pelo 747 catari. Consultores da Cirium estimam que um 747-8 de segunda mão valha, na prática, cerca de 25% disso. Porém, especialistas avaliam que o interior luxuoso pode valer mais do que a própria aeronave.

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