Japão vai liberar água radioativa de Fukushima no mar em 48h
Governo tratou água para que a concentração de partículas radioativas fique de acordo com o limite da OMS; apesar de garantias de segurança, China é contra
![(FILES) This file picture taken on January 20, 2023 shows the storage tanks for contaminated water at the Tokyo Electric Power Company's (TEPCO) Fukushima Daiichi nuclear power plant in Okuma, Fukushima prefecture. Some 12 years after one of the world's worst nuclear disasters, Japan's premier said on August 22, 2023 the release of cooling water from the crippled Fukushima nuclear plant into the Pacific will begin on August 24, despite opposition from fishermen and protests by China. (Photo by Philip FONG / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/08/000_33T28GG.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O Japão disse nesta terça-feira, 22, que começará a liberar no mar em 48h mais de 1 milhão de toneladas métricas de água radioativa tratada da usina nuclear de Fukushima, seguindo em frente com um plano criticado pela China.
Aprovado há dois anos pelo governo japonês, o projeto de despejar a água no Pacífico é tido como crucial para o descomissionamento da usina destruída em 24 de agosto. Ele também enfrentou críticas de grupos pesqueiros locais, temendo danos à reputação de seu produto.
“Espero que a liberação de água comece em 24 de agosto, se as condições climáticas permitirem”, disse o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
O anúncio foi feito um dia depois de o governo dizer que obteve “certo grau de compreensão” por parte dos pescadores, apesar de seus temores.
A água será inicialmente liberada em porções menores e com verificações extras. A primeira leva totalizará 7.800 metros cúbicos, despejada ao longo de 17 dias a partir de quinta-feira, segundo a Tokyo Electric Power Company (Tepco), dona de Fukushima.
O Japão prometeu remover a maioria dos elementos radioativos da água, exceto o trítio, um isótopo de hidrogênio que deve ser diluído porque é difícil de filtrar.
Essa água contém cerca de 190 becquerels – unidade de radioatividade – de trítio por litro, abaixo do limite estabelecido pela Organização Mundial da Saúde para água potável (de 10.000 becquerels por litro). O Japão defende que despejar os resíduos no mar é seguro, e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) deu sinal verde ao plano em julho. O órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas disse que o projeto atende aos padrões internacionais e que o impacto sobre as pessoas e o meio ambiente era “insignificante”.
De acordo com pesquisa da emissora japonesa FNN, divulgada no último fim de semana, 56% dos japoneses apoiam a liberação da água, enquanto 37% se opõe.
Apesar das garantias, alguns países vizinhos também expressaram ceticismo sobre a segurança do plano, sendo Pequim o maior crítico.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, chamou a medida de “extremamente egoísta”, acrescentando que a China apresentou uma queixa formal. Enquanto isso, o líder de Hong Kong, John Lee, caracterizou a iniciativa de “irresponsável” e disse que a cidade “ativaria imediatamente” barreiras à importação de frutos do mar japoneses a partir de quinta-feira.
A proibição, que também será implementada por Macau, abrange frutos do mar vivos, congelados, refrigerados, secos, sal marinho e algas marinhas. Por fim, a Coreia do Sul disse num comunicado divulgado nesta terça-feira que não vê problemas com os aspectos científicos ou técnicos do plano, mas não necessariamente o apoia.
Apesar do mal-estar com os vizinhos, Kishida disse acreditar que um “entendimento preciso” do assunto está se espalhando na comunidade internacional. O governo japonês garantiu que vai disponibilizar resultados de testes da água do mar após o despejo de Fukushima no início de setembro, bem como testes com peixes nas águas próximas à usina.