Israelenses recuam após ofensiva na Cidade de Gaza que matou ao menos 60
Ofensiva na região do norte do enclave palestino se intensificou nas últimas semanas e civis foram ordenados a deixar zona de combate

Os soldados israelenses recuaram de algumas áreas da Cidade de Gaza durante a noite de quinta-feira, 11, após uma ofensiva militar intensa que matou dezenas de pessoas e destruiu diversas casas e estradas no norte do enclave palestino na última semana.
Pelo menos 60 corpos foram recuperados após a retirada de soldados israelenses dos bairros de Tel Al-Hawa e Sabra, na Cidade de Gaza, de acordo com o Serviço Civil de Emergência de Gaza.
“Há corpos espalhados nas ruas, corpos desmembrados, há corpos de famílias inteiras, também há corpos dentro de uma casa de uma família inteira que foi completamente queimada”, disse o porta-voz da Defesa Civil da Faixa de Gaza, Mahmoud Basal.
Apesar dos tanques terem se retirado de alguns bairros, os moradores alertaram contra a volta de civis à cidade devido à permanência de militares israelenses em alguns terrenos altos nos arredores das áreas atacadas.
Ofensiva intensa
A ofensiva na Cidade de Gaza se intensificou desde o início desta semana, matando dezenas de pessoas no norte da Faixa de Gaza. Um ataque aéreo israelense contra uma escola das Nações Unidas transformada em abrigo para refugiados em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, deixou pelo menos 31 mortos nesta terça-feira, incluindo oito crianças.
Nesta quarta-feira, 10, os militares israelenses ordenaram que “todos os civis palestinos” deixassem a Cidade de Gaza e seguissem “rotas seguras” em direção a Deir el-Balah e az-Zawayda, mais ao sul do enclave, esvaziando a região descrita como uma “zona de combate perigosa”.
Israel alega que a operação é necessária para “eliminar” os combatentes do Hamas e do seu grupo aliado Jihad Islâmica Palestina, que supostamente usam infraestruturas civis para atacar as forças israelenses. Os militares afirmam terem encontrado drones e outras armas dentro da antiga sede da agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, a UNRWA, na cidade de Gaza.
Proposta de cessar-fogo
A ofensiva acontece enquanto mediadores árabes, apoiados pelos Estados Unidos, tentam chegar a um acordo de cessar-fogo que libertaria os reféns israelenses sequestrados pelo Hamas e os palestinos presos por Israel.
Na semana passada, o Hamas informou ao seu aliado libanês Hezbollah que havia concordado com uma proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza. No entanto, um alto funcionário do grupo militante palestino afirmou à agência de notícias Reuters que “Israel não deu uma posição clara sobre a proposta do Hamas”.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na quinta-feira que continua comprometido com o acordo de cessar-fogo, mas acusou o Hamas de impedir que as negociações avancem ao fazer exigências “que colocam Israel em perigo”.