Israel volta a bombardear Beirute após descartar cessar-fogo com Hezbollah
Novo ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou que não haverá trégua até que seu país atinja seus objetivos na guerra, que incluem desarmar a milícia libanesa
O exército de Israel realizou pelo menos cinco ataques aéreos nesta terça-feira, 12, contra os subúrbios do sul de Beirute, capital do Líbano, uma área que concentra combatentes do Hezbollah. Os bombardeios ocorreram após o novo ministro da Defesa israelense, Israel Katz, descartar qualquer cessar-fogo com a milícia libanesa até que as metas de seu país na guerra sejam cumpridas.
As explosões em Beirute viera logo após um aviso dos militares israelenses postado nas redes sociais, identificando 12 locais nos subúrbios do sul da capital como alvos. O alerta orientou que habitantes locais deixassem as áreas, que segundo o exército estão repletas de instalações do Hezbollah.
Não houve registro de vítimas, por enquanto. Grande parte dos moradores do sul libanês fugiram de suas casas desde que as forças de Tel Aviv começaram a bombardear a área, em setembro.
Em Israel, por sua vez, sirenes de ataque aéreo dispararam no norte do país, e o exército disse que vários “alvos aéreos suspeitos” foram lançados do Líbano. Não houve relatos de feridos.
Tensão constante
Inflamado pela guerra de Gaza, o conflito na fronteira Israel-Líbano já estava ativo desde que o Hezbollah começou a lançar foguetes contra o país inimigo em outubro do ano passado, em solidariedade ao aliado palestino Hamas. Mas os embates escalaram em setembro, quando as forças israelenses intensificaram ataques aéreos e enviaram soldados para o sul do Líbano.
Israel desferiu duros golpes contra o Hezbollah nas últimas sete semanas, matando muitos de seus principais líderes, incluindo Hassan Nasrallah, arrasando partes dos subúrbios do sul de Beirute e destruindo vilas no lado libanês da fronteira.
Ao se reunir com o estado-maior de Israel pela primeira vez, o recém-nomeado ministro da Defesa israelense, Israel Katz, disse na segunda-feira 11 que não haveria cessar-fogo no Líbano até que seu país atinja seus objetivos na guerra.
“Israel não concordará com nenhum acordo que não garanta o direito de Israel de impor e prevenir o terrorismo por conta própria e atingir os objetivos da guerra no Líbano: desarmar o Hezbollah, com sua retirada além do Rio Litani, e permitir que os moradores do norte (de Israel) voltem em segurança para suas casas”, afirmou Katz.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, havia afirmado anteriormente que houve “um certo progresso” nas negociações de cessar-fogo, apesar de martelar que a guerra contra o Hezbollah ainda não havia terminado. Segundo ele, o principal desafio para qualquer acordo seria sua implementação e fiscalização.
A poderosa milícia libanesa, apoiada pelo Irã, disse por sua vez que está pronta para uma guerra longa contra Israel, e continuou a disparar foguetes contra a nação inimiga.
Resolução 1701
O governo libanês, do qual o Hezbollah faz parte, demanda um cessar-fogo com base na implementação total da Resolução 1701, um mecanismo das Nações Unidas que, em 2006, encerrou uma guerra entre o grupo e Israel. A medida pede que a área ao sul do Litani seja expurgada de todas as armas que não pertençam ao estado do Líbano. No entanto, ambos os lados se acusaram mutuamente de violar a resolução.
A ofensiva de Israel expulsou mais de 1 milhão de libaneses de suas casas nas últimas sete semanas. Desde que as hostilidades eclodiram há um ano, os ataques israelenses ao Líbano mataram 3.243 pessoas e feriram 14.134, segundo o Ministério da Saúde libanês. Os dados não distinguem civis e combatentes.
Os ataques do Hezbollah, por sua vez, mataram cerca de 100 civis e soldados no norte de Israel, nas Colinas de Golã (que são parcialmente ocupadas pelo exército israelense) e no sul do Líbano no último ano.