Israel retoma bombardeios a Gaza após ataque que matou 90 em ‘zona segura’
Disparos de bombas se intensificaram na cidade de Rafah e em campos de refugiados no centro do enclave palestino
Israel atacou o sul e o centro da Faixa de Gaza nesta segunda-feira, 15, após uma ofensiva aérea que matou pelo menos 90 palestinos em uma “zona segura”, assim designada por Tel Aviv, neste fim de semana.
As forças israelenses intensificaram bombardeios e avançaram com tanques nos campos de refugiados de Al-Bureij e Al-Maghazi, no centro de Gaza. Pelo menos cinco pessoas morreram devido a um ataque aéreo que atingiou uma casa no campo de Maghazi, segundo as autoridades de saúde locais, administradas pelo Hamas.
A cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, também foi palco de combates na segunda-feira. Várias casas nas partes oeste e central da cidade foram atingidas por ataques aéreos, de acordo com a agência de notícias Reuters, que contou com relatos de moradores. As autoridades médicas encontraram 10 corpos de palestinos nas áreas leste da cidade.
O exército israelense afirmou, por sua vez, que as ofensivas atingiram dezenas de alvos militares em Gaza, matando “muitos” combatentes do Hamas e seus aliados tanto em Rafah e quanto no centro do enclave palestino.
“Zona segura”
Os ataques renovados acontecem dois dias depois das forças israelenses bombardearem Al-Mawasi, a oeste da cidade de Khan Younis, matando pelo menos 90 pessoas e deixando outras 300 feridas. O dispositivo atingiu uma área onde que abrigava pessoas deslocadas pela guerra — já que Al-Mawasi foi designada por Israel como uma “zona segura”.
No entanto, Tel Aviv alegou que a operação foi realizada “em uma área onde dois terroristas seniores do Hamas e terroristas adicionais se esconderam entre civis”, complementando que “o local do ataque foi uma área aberta cercada por árvores, vários prédios e galpões”.
Negociações interrompidas
Duas fontes de segurança egípcias disseram à Reuters no sábado 13 que a última rodada de negociações de cessar-fogo em Gaza foi interrompida após três dias de conversas intensas que não produziram consenso, culpando Israel por não ter uma “intenção genuína de chegar a um acordo”.
No domingo, um alto funcionário do Hamas disse à agência de notícias AFP que o grupo terrorista palestino havia abandonado as negociações para uma trégua nas hostilidades e para a libertação dos mais de 100 reféns ainda detidos em Gaza por causa do que chamou de “massacres” israelenses e sua atitude nas negociações.
No entanto, outras declarações de autoridades do grupo negaram o relato. “Não há dúvida de que os massacres horríveis impactarão quaisquer esforços nas negociações, mas os empenhos dos mediadores continuam em andamento”, disse Jihad Taha, porta-voz do Hamas.