Israel recusa ajuda ao FBI em investigação de morte de repórter americana
Ministro da Defesa chamou inquérito do assassinato de Shireen Abu Akleh pelo exército israelense de 'interferência em assuntos internos'
Israel informou nesta terça-feira, 15, que não cooperará com uma investigação do FBI sobre o assassinato da jornalista palestina-americana Shireen Abu Akleh pelo exército israelense. O ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, denunciou o inquérito como “interferência nos assuntos internos de Israel”.
“Deixo claro aos representantes americanos que apoiamos os soldados das Forças de Defesa de Israel, que não cooperaremos com nenhum investigação”, afirmou Gantz. “A decisão do Departamento de Justiça dos Estados Unidos de investigar a infeliz morte de Shireen Abu Akleh é um grave erro.”
Ele completou que as Forças de Defesa de Israel conduziram uma investigação independente e profissional, apresentada aos americanos. Contudo, evitar a cooperação complica as relações com Washington e reforça as alegações de um encobrimento israelense da morte de Abu Akleh, enquanto ela fazia uma reportagem sobre um ataque de militares na cidade de Jenin, na Cisjordânia, em maio.
A investigação do FBI ocorre após meses de pressão da família da jornalista da Al-Jazeera, que acusou a Casa Branca de “esgueirar-se para apagar qualquer irregularidade das forças israelenses”. A família foi apoiada por dezenas de membros do Congresso.
“Este é um passo importante”, disse a família de Abu Akleh em um comunicado, que expressou esperança por uma “investigação verdadeiramente independente, credível e completa”. O comunicado observou que a família estava pedindo uma investigação dos Estados Unidos “desde o início”.
“É o que os Estados Unidos deveriam fazer quando um cidadão americano é morto no exterior. Especialmente quando foi morto, como Shireen, por militares estrangeiros”, continuou o comunicado.
As Forças de Defesa de Israel inicialmente negaram a responsabilidade pela morte de Abu Akleh, culpando atiradores palestinos. Mas investigações das Nações Unidas e de várias organizações de notícias concluíram que a jornalista não estava perto dos palestinos quando foi morta, e que as forças israelenses quase certamente foram responsáveis.
As Nações Unidas disseram que soldados israelenses dispararam “várias balas aparentemente bem direcionadas” contra Abu Akleh e outros jornalistas.
Em setembro, as Forças de Defesa de Israel finalmente admitiram que um de seus soldados provavelmente atirou nela, mas disse que não haveria processos criminais porque nenhuma lei havia sido violada e declarou o caso encerrado. O Departamento de Estado dos Estados Unidos estava preparado para deixar o assunto para lá, mas isso não amenizou a pressão política do Congresso.