Israel e Hamas recebem rascunho final de acordo de cessar-fogo após ‘avanço’
Negociações aceleram diante da posse de Donald Trump nos EUA, vista como uma espécie de prazo para a assinatura de um pacto

O Catar, um dos principais mediadores das negociações para o fim da guerra em Gaza, apresentou a Israel e ao Hamas um rascunho final de um acordo de cessar-fogo nesta segunda-feira, 13, após o que uma autoridade próxima ao assunto chamou, em entrevista à agência de notícias Reuters, de “avanço”. As tratativas mais recentes, que foram até a meia-noite desta segunda, contaram com a presença do enviado do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo a Reuters, o texto foi elaborado em negociações em Doha, que incluíram os chefes das agências de espionagem israelenses Mossad e Shin Bet e o primeiro-ministro do Catar, o xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, bem como Steve Witkoff, que se tornará o enviado de Trump para o Oriente Médio quando ele assumir o cargo na próxima segunda-feira, 20.
“As próximas 24 horas serão cruciais para chegar ao acordo”, disse a fonte da Reuters.
A rádio israelense Kan, citando um funcionário do governo do país, também informou que as delegações de Israel e do Hamas já estão em posse do rascunho do acordo. Autoridades de ambos os lados descreveram progresso nas negociações.
Impasse
Os Estados Unidos, o Catar e o Egito, como mediadores, trabalharam por mais de um ano em negociações para encerrar a guerra em Gaza, até agora sem sucesso.
Ambos os lados concordaram por meses sobre o princípio de interromper os combates em troca da libertação de reféns em posse do Hamas e palestinos detidos em prisões israelenses. No entanto, o grupo terrorista palestino sempre insistiu que o acordo deveria levar ao fim permanente da guerra e à retirada completa dos soldados de Tel Aviv, enquanto Israel reiterou que não encerrará o conflito até que a organização inimiga seja desmantelada.
A posse de Trump, porém, é agora vista na região como uma espécie de prazo. O presidente eleito dos Estados Unidos disse que o Hamas pagaria “um inferno” a menos que os reféns israelenses fossem libertados antes de ele assumir o cargo, enquanto o atual presidente americano, Joe Biden, também aumentou a pressão por um acordo antes dele deixar a Casa Branca, com objetivo implícito de deixar um legado importante para seu mandato.
Até as primeiras horas desta segunda-feira, Witkoff, que também se encontrou com Benjamin Netanyahu no sábado, pressionou a delegação israelense em Doha para aceitar o acordo, enquanto o primeiro-ministro do Catar fez pressão junto às autoridades do Hamas.
Biden também falou por telefone com o premiê israelense no domingo 12, enfatizando “a necessidade imediata de um cessar-fogo em Gaza e o retorno dos reféns com um aumento na ajuda humanitária possibilitada por uma paralisação nos combates”, disse a Casa Branca.
No entanto, ainda há divergências. O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, um nacionalista linha-dura que se opôs a tentativas anteriores de chegar a um acordo, denunciou as últimas propostas como uma “rendição” e uma “catástrofe para a segurança nacional do estado de Israel”.