Israel diz que está examinando resposta do Hamas a plano de cessar-fogo
Grupo palestino teria abandonado exigências como a implementação de uma trégua permanente (ou seja, o fim da guerra), que haviam gerado impasses

Israel comunicou nesta quinta-feira, 4, que está estudando uma resposta do Hamas a um plano de cessar-fogo para a guerra em Gaza, que foi delineado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no final de maio. A decisão ocorreu depois que o braço político do grupo terrorista palestino afirmou ter entrado em contato com mediadores do Egito e do Catar “sobre suas ideias” discutidas com o objetivo de chegar a um acordo com Tel Aviv.
Uma declaração conjunta do gabinete do primeiro-ministro israelense e da agência de inteligência Mossad na noite de quarta-feira afirmou que os mediadores “transmitiram à equipe de negociação (israelense) as observações do Hamas sobre as linhas gerais do acordo”.
“Israel está avaliando as observações e transmitirá sua resposta aos mediadores”, acrescentou o comunicado.
Impasses
Até agora, as exigências do Hamas para um pacto que encerre as hostilidades na Faixa de Gaza incluíam o fim permanente da guerra e a retirada total dos soldados israelenses. Já Israel afirmou que aceita apenas pausas temporárias nos combates, para que possa cumprir seu objetivo de eliminar completamente o grupo terrorista e impedir seu retorno ao governo do enclave palestino, gerando um impasse.
De acordo com reportagens da agência de notícias Reuters e da emissora britânica BBC, o Hamas, porém, abandonou a exigência de que o cessar-fogo seja permanente. Agora, estabeleceu novas condições relacionadas à retirada das forças israelenses da área da fronteira sul de Gaza, conhecida como corredor de Filadélfia, e da passagem de Rafah, na divisa entre Gaza e Egito. Ambos são importantes pontos de passagem para a entrada de ajuda humanitária no enclave.
“Vamos para uma nova rodada de negociações em breve”, disse um alto funcionário do braço político do Hamas à BBC, em condição de anonimato.
“Roteiro” da trégua
No final de maio, Biden fez um anúncio delineando um plano para interromper as hostilidades em Gaza, que ele disse ter o aval de Israel.
Segundo o líder americano, que também atua como mediador do conflito, a proposta transmitida pelo Catar ao Hamas apresenta, como em planos anteriores, algumas fases. A primeira duraria seis semanas e incluiria um “cessar-fogo total e completo, com a retirada das forças israelenses de todas as áreas povoadas de Gaza”, além da “libertação de uma série de reféns, incluindo mulheres, idosos e feridos, em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos”.
Já a fase dois permitiria a troca de prisioneiros palestinos “pela libertação de todos os reféns vivos restantes, incluindo soldados do sexo masculino”, o que não estava previsto anteriormente. Na terceira, segundo Biden, começaria “um grande plano de reconstrução para Gaza”, enquanto “quaisquer restos mortais de reféns que foram mortos serão devolvidos às suas famílias”.
Os Estados Unidos acusaram o Hamas de dificultar progressos rumo a um cessar-fogo. Na segunda-feira 1º, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, disse que o grupo era a “única exceção” ao apoio internacional à proposta de cessar-fogo, alegando que os militantes criaram “lacunas ao não dizer sim a uma proposta à qual todos, incluindo os israelenses, disseram sim”.