Israel detém jornalista palestino de destaque durante operação noturna na Cisjordânia
Ali Samoudi, de 58 anos, é um dos jornalistas palestinos mais conhecidos da região

As Forças de Defesa de Israel (IDF) prenderam, na madrugada desta segunda-feira (29), o jornalista palestino Ali Samoudi, durante uma incursão militar na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada. A operação teve como alvo a casa de seu filho, onde Samoudi foi detido por volta das 5h da manhã e levado para um local não revelado, segundo relato da família à rede CNN.
De acordo com Mohammad Samoudi, filho do jornalista, as tropas israelenses revistaram o imóvel e destruíram parte dos pertences antes de realizar um interrogatório de campo com o pai, que durou cerca de 30 minutos.
Ali Samoudi, de 58 anos, é um dos jornalistas palestinos mais conhecidos da região e atua como correspondente do jornal Al-Quds, além de ter colaborado frequentemente com veículos internacionais como CNN, Al Jazeera e Reuters. Em maio de 2022, ele foi baleado por forças israelenses durante uma cobertura jornalística nos arredores do campo de refugiados de Jenin, no mesmo episódio em que a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh foi morta — caso que gerou repercussão internacional.
O Sindicato de Jornalistas Palestinos condenou a prisão e classificou a ação como mais um episódio de repressão à imprensa local. Já o Exército de Israel alegou que Samoudi tem ligações com a organização Jihad Islâmica e seria suspeito de repassar recursos financeiros ao grupo, mas não apresentou provas.
Esta é a primeira vez que o jornalista enfrenta uma acusação formal, apesar de sua longa trajetória cobrindo o conflito israelense-palestino para diversos meios de comunicação globais. Ele foi transferido para custódia das forças de segurança israelenses, segundo informou o próprio Exército.
A prisão de Samoudi se soma a uma série de detenções de profissionais da imprensa palestina. Desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, ao menos 84 jornalistas foram presos em Jerusalém, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, segundo dados do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).