Israel barra ajuda humanitária de agência da ONU para Gaza
Caminhões com mantimentos destinados à população palestina não poderão mais entrar na região, de acordo com o comissário-geral da agência
O governo de Israel afirmou que não permitirá a entrada de caminhões de ajuda humanitária da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) com mantimentos para a região norte de Gaza, onde a população local está sofrendo com a fome de forma mais severa, de acordo com Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência.
“Apesar da tragédia que se desenrola sob nossa supervisão, as autoridades israelenses informaram a ONU que não aprovarão mais nenhum comboio de alimentos da Unrwa para o norte”, afirmou Lazzarini no X, antigo Twitter. “Isso é ultrajante e torna intencional a obstrução da assistência vital durante uma fome provocada pelo homem.”
No domingo, 24, o governo de Israel não respondeu a demandas das agências de notícias internacionais por explicações sobre a decisão. Israel alega que membros da UNRWA participaram do ataque de 7 de outubro e acusa a agência de ser um “front para o Hamas”.
De acordo com a porta-voz da UNRWA, Juliette Touma, a decisão foi transmitida em uma reunião com autoridades militares israelenses neste domingo. A agência das Nações Unidas não consegue levar alimentos à região norte de Gaza desde o dia 29 de janeiro. “Essa decisão é mais um prego no caixão” nos esforços para obter a ajuda necessária aos habitantes de Gaza, afirmou Touma em entrevista ao jornal inglês The Guardian.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da Organização Mundial da Saúde, disse que bloquear as entregas de ajuda da Unrwa era “negar às pessoas famintas a capacidade de sobreviver”.
A população palestina vem sofrendo com a falta de comida desde que Israel declarou guerra contra o Hamas, há seis meses, motivado pelo ataque brutal do grupo terrorista em 7 de outubro de 2023. Segundo a AFP, 1160 israelenses foram mortos, a maior parte civis. A campanha militar do governo de Israel já matou ao menos 32 mil palestinos, principalmente crianças e mulheres. Os soldados também bloquearam a ajuda humanitária. A região norte da faixa de Gaza é a mais prejudicada. Um relatório apoiado pelas Nações Unidas aponta que os palestinos que lá vivem não terão mais o que comer em maio, caso uma intervenção de grande porte não seja realizada rapidamente.