Irmãos Menendez: começa nova audiência em Los Angeles que pode anular pena de prisão
Novas provas devem ser apresentadas na audiência de Erik e Lyle, condenados a passar a vida atrás das grades pelo assassinato de seus pais, em 1989

Os irmãos Erik e Lyle Menendez, condenados à prisão perpétua pelo assassinato de seus pais em 1989, olham para uma tênue possibilidade de liberdade com o início de uma nova audiência nesta terça-feira, 13, no tribunal de Los Angeles. Ainda não se sabe se a presença dos irmãos no processo, que vai durar dois dias, será física ou virtual.
Os advogados dos Menendez esperam que a tão aguardada audiência anule a pena de prisão perpétua de seus clientes, o que permitiria que eles fossem libertados imediatamente ou se tornassem elegíveis para liberdade condicional.
Diferentemente de um novo julgamento, que se concentraria nos fatos do caso, a nova audiência permite que o juiz considere uma série de fatores, incluindo o comportamento dos irmãos na prisão.
No ano passado, o ex-promotor distrital do Condado de Los Angeles, George Gascón, recomendou uma nova sentença para Erik e Lyle, mas seu sucessor, Nathan Hochman, se opôs à medida. Gascón defendeu a nova sentença alegando que os irmãos eram jovens quando foram presos — Erik tinha 18 anos e Lyle, 21 — e que o comportamento deles na prisão foi exemplar.
Alguns familiares também defenderam a libertação dos irmãos, afirmando que eles demonstraram remorso e e se esforçaram para reabilitação. Eles argumentaram que a sentença deveria ser revista devido à crescente compreensão sobre o abuso sexual infantil, com que os dois dizem ter sofrido nas mãos dos pais desde pequenos.
Uma audiência anterior marcada para abril foi adiada depois que um juiz solicitou acesso a “avaliações abrangentes de risco” conduzidas pelo conselho de liberdade condicional da Califórnia, que expõem o risco de que um episódio de violência se repita caso eles sejam libertados.
Abuso sexual
Parte da defesa dos irmãos Menendez consiste em acusações de abusos sexuais por parte de seu pai, José, que vieram à tona por meio de um pedido de habeas corpus em 2023. Entre as evidências, estava uma carta que Erik enviou para um primo em 1988, descrevendo uma cena de agressão, bem como o relato de Roy Rosselló, membro da banda Menudo, que também afirmou ter sido vítima de José na mesma década.
Hockman, no entanto, acredita que os relatos são mentirosos, pois a carta nunca tinha sido mencionada até então e, segundo ele, os irmãos teriam subornado amigos próximos para mentirem em seus depoimentos.
Entenda o caso
O caso dos irmãos voltou a tona após o lançamento de um série da Netflix no ano passado, que conta a história do assassinato na glamourosa Beverly Hills, nos Estados Unidos, em 1989.
Quando tinham 18 e 21 anos, Erik e Lyle mataram o pai, um executivo de Hollywood, à queima-roupa com seis tiros da espingarda e a mãe, com dez. Os dois ligaram para a polícia dizendo que encontraram os pais mortos e deram como álibi uma ida ao cinema. No entanto, a mansão não tinha sinais de arrombamento.
Pouco tempo após o assassinato, Erik e Lyle começaram a gastar a herança com carros de luxo, roupas de grife e equipamentos de marcas caras. Em seis meses, tinham gasto mais de US$ 1 milhão, levantando suspeitas. A polícia decidiu investigar os irmãos e descobriu que Erik tinha comprado uma espingarda poucos dias antes do crime. Ele também foi denunciado pela namorada de seu psicólogo, após o terapeuta ter sido ameaçado pelos irmãos, e registros sigilosos das consultas em que a pauta foi o assassinato dos pais foram aceitas como provas.
Em 1993, os irmãos confessaram o crime. No julgamento, a promotoria que assumiu o caso alegou que o crime foi motivado por ganância, já que ambos queriam a herança a que tinham direito. Já a defesa argumentou que o motivo real era uma vingança por terem sido supostamente abusados sexualmente por José, com conivência da mãe, Kitty. Durante o julgamento, não foi possível provar qualquer abuso sexual, deixando o júri em um impasse. A dupla só foi condenada sete anos após o crime, em 1996, em um terceiro julgamento.