Iraque vai às urnas encurralado entre EUA e Irã e sem expectativa de reforma; entenda o pleito
Processo eleitoral é marcado por desilusão e pode ter menos participação em vinte anos, em meio a disputa regional entre Washington e Teerã
As eleições legislativas do Iraque começaram nesta terça-feira, 11, dia em que a população vai às urnas para renovar as 329 do Parlamento. O processo eleitoral é marcado pela desesperança do eleitorado iraquiano em relação ao potencial para reformas no país, bem como pela pressão internacional dos Estados Unidos e Irã, cuja disputa deixou Bagdá encurralada. A votação será encerrada às 18h locais (12h no horário de Brasília).
Na visão de analistas, o foco do eleitor comum será manter a estabilidade e o crescimento econômico recente do país, que passou por turbulências nos últimos 20 anos, com insurgências jihadistas, guerras sectárias e um período de ocupação americana. O cenário beneficia o atual primeiro-ministro, Mohammed al-Sudani, visto como responsável pela estabilização da nação.
Buscando um segundo mandato, al-Sudani se apresenta como o nome capaz de equilibrar as tensões entre Washington e Teerã, e as pesquisas apontam que seu bloco deve conquistar o maior número de cadeiras parlamentares — mas não a maioria. Esse cenário deve resultar em meses de negociações para dividir cargos e selecionar um premiê.
Os Estados Unidos vêm insistindo para que o Iraque contenha a influência do vizinho Irã. Embora tenha tido sucesso (até agora) em se esquivar da turbulência regional causada pela guerra em Gaza, Bagdá está sendo pressionada pela Casa Branca para desarmar as poderosas milícias financiadas por Teerã, dezenas de organizações que são mais fiéis às suas lideranças do que ao Estado.
Nas eleições deste ano, 7.743 candidatos disputam 329 cadeiras no Parlamento do Iraque. Após o término das eleições, os legisladores iniciarão o processo para organização de um novo governo:
- Em um primeiro momento, os legisladores deverão eleger o presidente do Parlamento;
- O novo chefe do Parlamento, por sua vez, terá a função de nomear o presidente da República. Para confirmar sua indicação, ele precisa da aprovação de dois terços do legislativo;
- Já o presidente da república será responsável por nomear um primeiro-ministro, necessitando somente da maioria simples dos parlamentares.
É esperado que a formação de um novo governo leve meses. No último pleito, ocorrido em 2021, foram seis meses até a seleção de um primeiro-ministro.
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Desilusão
Embora o pleito seja importante devido ao cenário geopolítico local, pesquisas apontam que as eleições podem registrar a menor participação em 20 anos. O cenário é um exemplo da deterioração da confiança pública no processo democrático iraquiano, marcado por divisões sectárias históricas que remetem ao final do regime do ditador Saddam Hussein.
Apesar de jovens candidatos aspirarem a uma cadeira no parlamento, suas chances são incertas contra uma velha elite política que se sustenta na tradicional rede de clientelismo estabelecida pelo Muhasasa — um acerto informal que divide o poder político no país entre representantes das três comunidades iraquianas majoritárias: árabes xiitas, árabes sunitas e curdos.
O sistema teve início no Conselho Governante Iraquiano de 2003, que dividiu seus membros com base em origens etno-sectárias de forma proporcional. Desde então, todos os governos iraquianos mantêm esse equilíbrio delicado. O sistema de partilha divide os cargos entre:
- Um primeiro-ministro xiita
- Um presidente do Parlamento sunita
- Um presidente da República curdo
No entanto, o eleitorado manifesta profunda desilusão com esse sistema, visto como um meio para que a elite política partilhe a riqueza petrolífera do Iraque. Entre 2019 e 2021, o país viu mobilizações contra o Muhasasa, tendo sucesso em eleger representantes oriundos da sociedade civil. No entanto, o movimento perdeu força uma vez que esses representantes falharam em fazer frente aos políticos de carreira que ocupam cargos há vários anos.
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