O governo iraniano proibiu nesta terça-feira que seus cidadãos mantenham contato com cerca de 60 organizações internacionais, meios de comunicação estrangeiros e sites considerados contrarrevolucionários. Além disso, ameaçou executar manifestantes da oposição e disse que os estrangeiros detidos no país serão punidos.
Entre as ONGs listadas pelo governo iraniano estão a Human Rights Watch, Brookings Institution, a fundação George Soros, National Endowment for Democracy (NED) e as fundações Ford e Rockfeller. Também foram citados os veículos de comunicação Voz da América (VOA), BBC, Rádio Farda (financiada pelos Estados Unidos) e Kol Israel (a rádio oficial israelense). Todos partidos políticos estão proibidos de receber financiamento externo.
A justificativa do Ministério da Inteligência do Irã, responsável pela lista das organizações proibidas, é de que essas organizações americanas e europeias estariam influenciando os protestos antigoverno que têm se repetido desde junho do ano passado, quando o presidente Mahmoud Ahmadinejad foi reeleito numa votação polêmica. O episódio deu início a uma grave crise política que tem deixado vítimas fatais. Somente na última onda de protestos, 8 pessoas morreram segundo balanço do governo. Já a oposição garante que foram pelo menos 15.
Logo após o anúncio do Ministério da Inteligência, o Ministério do Interior aumentou o tom da repressão aos oposicionistas, afirmando que estrangeiros presos acusados de envolvimento nesses protestos serão punidos e que todos os supostos manifestantes podem acabar considerados “inimigos de Deus” – o que, no país, pode significar pena de morte. “Qualquer um que participar de protestos será considerado um ‘mohareb’ (travando guerra contra Deus) e um inimigo da segurança nacional”, afirmou o ministro do Interior, Mostafa Mohammad Najjar, de acordo com a agência oficial de notícias IRNA.
Desde o início dos protestos no Irã, mais de 500 pessoas foram presas, entre eles três conselheiros do líder da oposição, Mir Hossein Mousavi. Também estão detidos a irmã da advogada iraniana Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz em 2003, e o jornalista sírio Reza al Basha, 27, que trabalha para a TV oficial de Dubai.