Irã está à beira de crise hídrica, diz presidente, e capital pode ficar sem água em um mês
País enfrenta estiagem há cinco anos e pode chegar à situação insustentável em setembro
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou nesta quinta-feira, 31, que o país está à beira de uma grande crise hídrica. Segundo a agência de notícias estatal Tasnim, Pezeshkian argumentou que o consumo excessivo de água é insustentável e pode levar a um cenário de escassez severa até setembro.
“Em Teerã, se não pudermos administrar e as pessoas não cooperarem no controle do consumo, não haverá água nas represas até setembro ou outubro”, disse.
Recentemente, Pezeshkian rejeitou uma proposta do governo para estabelecer um dia de folga às quartas-feiras ou ter um feriado de uma semana durante o verão para mitigar o consumo de água. Na quarta-feira 30, ele declarou que isso seria somente um acobertamento do problema, e não uma solução para a escassez.
Localizado em um planalto árido, o Irã sofre constantemente com a ameaça de crises hídricas. Desta vez, no entanto, o problema alcançou a capital, lar de 10 milhões de pessoas. Segundo especialistas, a metrópole está próxima de ficar totalmente sem água. “Estamos falando de um possível dia zero dentro de semanas”, afirmou à emissora americana CNN o diretor do Instituto Universitário das Nações Unidas para Água, Meio Ambiente e Saúde, Kevh Madani.
Enquanto os principais reservatórios secam, a população tenta desesperadamente conservar água para evitar um cenário catastrófico. Caminhões-tanque levam milhares de litros para a cidade, e quem pode arcar com os custos corre para instalar tanques de armazenamento.
Como resposta imediata à crise, o governo local reduziu a pressão da água na capital quase pela metade, afetando 80% das famílias de Teerã. Para aqueles que moram em apartamentos localizados em andares mais altos, isso significa uma ausência quase total de abastecimento.
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Seca grave
Nesse momento, o Irã passa por uma das piores secas de sua história. É o quinto ano consecutivo de estiagem no país. Somente nos últimos quatro meses, o índice de chuvas registradas reduziu 40%. Para a diretora da Organização de Proteção Ambiental Sheena Ansari, “negligenciar o desenvolvimento sustentável levou ao fato de que agora estamos enfrentando vários problemas ambientais, como o estresse hídrico”.
E tudo isso é agravado pelas temperaturas elevadas. No mês de julho, os iranianos foram submetidos a um clima que ultrapassou os 50 ºC em diferentes regiões do país.
O Irã também enfrenta problemas na gestão de gás, água e eletricidade, motivados pela má administração de recursos e consumo excessivo durante os meses de pico de demanda. As soluções para as dificuldades exigem grandes reformas, com destaque para o setor agrícola, que representa cerca de 80% do consumo de água na região.
Engenheiros apontam que o crescente desequilíbrio entre oferta e demanda do recurso também é um fator importante a se considerar. Recentemente, o chefe da empresa de água e esgoto da província de Teerã, Mohsen Ardakani, declarou à agência de notícias estatal Mehr que 70% dos moradores da região consomem mais de 130 litros de água por dia.
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