Inundação no Paquistão foi 50% maior pelo aquecimento global, diz estudo
Cientistas afirmam que mudanças climáticas intensificaram as chuvas e estimam que enchentes serão mais frequentes
Um estudo realizado por cientista da Universidade Imperial College London revelou que as inundações em todo o Paquistão foram agravadas pelo aquecimento global. De acordo com o levantamento, as chuvas foram 50% mais fortes nas áreas mais afetadas devido às emissões de gases poluentes na atmosfera.
A climatologista Friederike Otto, professora sênior do Instituto Grantham para mudanças climáticas e meio ambiente, que liderou o estudo, disse que as “impressões digitais” do aquecimento global podem ser vistas claramente no desastre climático do Paquistão.
“Podemos dizer com alta confiança que [a chuva] teria sido menos provável de ocorrer sem a mudança climática”, disse ela em entrevista ao jornal britânico The Guardian.
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Segundo a pesquisadora, registros históricos mostraram que as chuvas fortes aumentaram dramaticamente na região desde que a humanidade começou a emitir gases de efeito estufa.
O estudo também aponta que as enchentes, apesar de ocorrerem regularmente há 100 anos, provavelmente se tornarão mais frequentes no futuro, à medida que as temperaturas globais continuarem a subir.
Cerca de um terço do Paquistão foi afetado pelas inundações, com a água cobrindo mais de um décimo do país. O volume de chuvas registrado em agosto foi mais de três vezes a média esperada para o mês.
Para o país como um todo, foi o agosto mais chuvoso desde 1961, e para as duas províncias do sul de Sindh e Baluchistão o mais chuvoso já registrado, com cerca de sete a oito vezes mais chuva do que o normal.
Quase 1.500 pessoas morreram e 33 milhões de pessoas foram afetadas pelo desastre, que deixou 1,7 milhão de casas destruídas.
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Cerca de 18.000 quilômetros quadrados de terras agrícolas foram destruídos, incluindo cerca de 45% da safra de algodão, uma das principais exportações do Paquistão, e cerca de 750.000 animais foram mortos.
O prejuízo do país é calculado em cerca de US$ 30 bilhões (R$ 159 bilhões) em danos, com a perda de colheitas de alimentos chegando a cerca de US$ 2,3 bilhões (R$ 12 bilhões), um fardo particularmente pesado em um momento de aumento dos preços dos alimentos em todo o mundo.
Além do aquecimento global, outros fatores locais também desempenharam um papel nas inundações. O desmatamento de florestas, a remoção de manguezais, a construção de barragens e outras mudanças nos cursos de água também tiveram impacto nos padrões naturais de inundação da região.
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A infraestrutura precária das casas construídas em locais propensos a enchentes também contribuiu para o aumento no número de vítimas da catástrofe.