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Integração sul-americana é questão de sobrevivência, diz Lula na Bolívia

Com o líder boliviano Luis Arce, petista reforçou que nações da região só enriquecerão juntas; também comentou golpe fracassado e eleição na Venezuela

Por Amanda Péchy
Atualizado em 9 jul 2024, 19h30 - Publicado em 9 jul 2024, 15h45

Em visita a Santa Cruz de la Sierra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira, 9, ao lado do seu homólogo boliviano, Luis Arce, que a integração da América do Sul — um dos principais pontos do projeto de política externa do petista, desde os seus primeiros mandatos, nos anos 2000 — não é só retórica, mas uma “necessidade de sobrevivência para os países da região”.

“Não existe saída individual para as nações da América do Sul. Precisamos negociar em bloco. Se não, vamos continuar mais um século sendo países em desenvolvimento”, declarou Lula na entrevista coletiva conjunta.

Ele deu destaque ao papel potencial da Bolívia para tornar-se um elo importante entre os oceanos Pacífico e Atlântico.

“Queremos abrir nosso continente para o mundo e participar do desenvolvimento. A integração física do continente passa por Brasil e Bolívia”, disse o petista.

O presidente boliviano, por sua vez, destacou o papel de liderança do Brasil no processo de integração sul-americano e, chamando Lula de “irmão”, disse que torceu para que ele vencesse as eleições presidenciais.

“Torcemos para que você ganhasse as eleições porque sabemos que, com o senhor na Presidência, a relação com o Brasil é diferente”, afirmou Arce. “O Brasil para nós representa um orientador que tem muita influência em nível mundial”, completou.

“Espólio de exploração”

Segundo o mandatário brasileiro, seria preciso “dar uma chance” para que os Estados sul-americanos deixem de ser tratados como países em vias de desenvolvimento ou países de Terceiro Mundo.

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“Podemos não ser ricos e industrializados como outras nações do mundo, mas temos riquezas que a natureza nos deu — seja na alimentação, produção de minerais críticos para a transição energética, em tecnologias de hidrogênio verde e energia solar. Temos que oferecer ao mundo uma coisa que eles não têm”, explicou Lula. “A Bolívia tem grandes reservas de lítio, o Brasil tem nióbio, cobalto e terras-raras. Recentemente, aqui foi descoberto o terceiro maior depósito de manganês do planeta. Juntos, podemos nos inserir de forma soberana nas cadeias produtivas estratégicas e evitar que o espólio de exploração continue se repetindo.”

Referindo-se a uma série de compromissos assinados com a Bolívia, agora novo membro do Mercosul — ao lado de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai —, o presidente brasileiro compartilhou que ele e Arce se comprometeram a realizar telefonemas “a cada dois meses” para acompanhar de perto projetos de cooperação no combate ao tráfico de pessoas e ao narcotráfico (com foco na segurança na área de fronteira), o acesso de brasileiros que vivem no país vizinho aos serviços de saúde pública, uma possível mudança de cota na usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, e a construção de uma ponte binacional em Guajará-Mirim, em Rondônia.

“Temos que saber imediatamente de qualquer problema. Uma simples má vontade burocrática às vezes não permite que um projeto vá em frente”, afirmou Lula.

Tentativa de golpe

A viagem de Lula estava prevista antes de militares tentarem derrubar o governo de Luis Arce, no dia 26 de junho.

Após o ocorrido, Lula decidiu manter a visita, com o objetivo de demonstrar apoio ao boliviano, um dos presidentes de esquerda na América do Sul.

“As instituições bolivianas mostraram seu valor frente a uma grave ameaça”, disse o chefe de Estado brasileiro. “Depois de 15 anos desde que estive na Bolívia como presidente pela última vez, minha vinda é representativa. Assim como no Brasil, a democracia boliviana prevaleceu diante de uma série de golpes, mas continua ameaçada.”

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Ele continuou, fazendo uma comparação entre o episódio na Bolívia e os ataques por parte de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro à Praça dos Três Poderes, em 2023: “Fomos tomados por uma onda de extremismo que desembocou no 8 de Janeiro com uma tentativa de golpe, como a Bolívia se viu acometida por uma tentativa de golpe em 26 de junho. Não podemos tolerar desvarios antidemocráticos golpistas”.

O golpe fracassado foi liderado pelo ex-comandante do Exército boliviano, o general Juan José Zúñiga, que mobilizou soldados e tanques na capital, La Paz, e chegou a invadir o palácio presidencial.

Depois do episódio, o ex-presidente boliviano Evo Morales acusou Arce de ter orquestrado tudo para ganhar popularidade em meio a uma crise econômica, narrativa que foi reproduzida também pelo presidente da Argentina, Javier Milei, que faltou à cúpula do Mercosul para comparecer a um fórum da extrema direita no Brasil — no qual também se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro e não marcou compromissos oficiais com Lula.

Ainda falando de democracia, o presidente brasileiro citou rapidamente as eleições na Venezuela, marcadas para 28 de junho. A corrida eleitoral foi marcada pela perseguição de opositores por parte do regime de Nicolás Maduro. Sobre o pleito, Lula disse apenas que a “normalização da vida política venezuelana significa estabilidade para toda a América Latina”.

“Esperamos que seja um processo democrático e que os resultados sejam reconhecidos por todos”, declarou o petista, que vira e mexe é criticado por ser permissivo demais com Maduro.

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