Índia x Paquistão: Quem precisa de outra guerra?
Não demorou, como sempre, para que despontassem protestos dos dois lados

De que mais o mundo em ebulição precisava? Certamente não de um conflito bélico envolvendo dois países com armas nucleares, a Índia e o Paquistão — a ponto de até Donald Trump ter tratado a aventura como “uma vergonha”. Na quarta-feira 6, o governo indiano anunciou ter atacado posições militares no Paquistão. Os paquistaneses alegaram ter derrubado cinco jatos inimigos. De um lado e outro da fronteira, as engrenagens de guerra começaram a se movimentar, com civis fechando portas e janelas de suas casas com reforços especiais, comida e medicamentos estocados, embebidos de medo. Deu-se a agressão em resposta a um suposto ataque terrorista paquistanês, em que militantes muçulmanos alinhados com a religião do Estado mataram 26 turistas, em sua maioria hindus. Não demorou, como sempre, para que despontassem protestos dos dois lados. No Paquistão, fotos do premiê indiano Narendra Modi foram pisoteadas. O susto de agora, associado ao pavor de uma provável escalada, vem de longa data, desde 1947, quando houve a independência do jugo britânico, em que os dois lados da fronteira começaram a disputar uma região, a Caxemira, que tinha um governante hindu, mas população majoritariamente islâmica. Para aumentar a temperatura, há o nó da água: parte do abastecimento paquistanês nasce em rios indianos, e os cortes já foram anunciados. Os próximos dias tendem a ser nervosos, alimentados do querosene fatal que mistura política e fanatismo. Tem tudo para dar errado, infelizmente.
Publicado em VEJA de 9 de maio de 2025, edição nº 2943