Índia e Paquistão intensificam conflito, maior conflagração militar entre os países em 50 anos
As sirenes, os apagões, os bombardeios e tiros ao longo da fronteira lembram a última grande guerra entre as ex-colônias britânicas, travada em 1971

Índia e Paquistão registraram ataques em ambos os lados nesta sexta-feira, 9, numa intensificação do conflito que explodiu dois dias antes, com o início de uma operação militar indiana envolvendo a Caxemira, um território dividido entre as duas nações cujo controle total é disputado por ambas há décadas. As ofensivas generalizadas nos últimos dias, que deixaram ao todo pelo menos 50 mortos e dezenas de feridos, se tornaram a maior conflagração militar entre os países do Sul da Ásia em cinquenta anos.
A tensão já latente entre Nova Délhi e Islamabad transbordou para as vias de fato quando ataques aéreos indianos atingiram alvos no Paquistão e na Caxemira paquistanesa na quarta-feira 7. A “Operação Sindoor” foi lançada como uma resposta a um ataque terrorista que matou 26 pessoas, em sua maioria turistas hindus, na região disputada por ambos os países na semana passada, e segundo a Índia seu objetivo é atacar “infraestruturas terroristas”.
O combate se ampliou, apesar de esforços diplomáticos para aliviar as tensões. Houve relatos de bombardeios ininterruptos e tiros ao longo da fronteira durante esta madrugada, bem como relatos de ataques do Paquistão à cidade de Jammu, capital da Caxemira indiana, que junto a outras cidades ficaram completamente sem energia. Explosões também atingiram cidades no lado paquistanês do território em disputa, danificando algumas casas.
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Nesta sexta-feira, o Exército Indiano afirmou que as Forças Armadas paquistanesas lançaram drones e outros dispositivos ao longo de toda a fronteira oeste da Índia. Os militares declararam nas redes sociais que os ataques foram interceptados. O Paquistão rejeitou essas alegações.
É um novo tipo de batalha para os velhos inimigos: drones, que a Índia também usou contra o Paquistão nesta semana, não eram armas centrais em confrontos anteriores entre as duas nações. As sirenes, os apagões e os exercícios dos combates desta semana relembraram a última grande guerra entre a Índia e o Paquistão, travada em 1971.
Ambos os países afirmaram que os disparos mataram e feriram civis. Os detalhes do conflito, porém permanecem obscuros, em parte porque cada lado não apenas divulga apenas sua própria versão, mas também bloqueia a do outro. O Paquistão baniu sites de notícias indianos por anos. Agora, a Índia cortou a maior parte de seu acesso a fontes de notícias paquistanesas. O X, antigo Twitter, afirmou que estava cumprindo com relutância a ordem de Nova Délhi para bloquear 8 mil contas, incluindo canais de notícias estrangeiros.
Histórico de conflitos
A Caxemira é uma região na cordilheria do Himalaia. Atualmente, o controle da área é partilhado entre eles, além da China, que controla uma porção ao leste. Tanto Nova Délhi quanto Islamabad, porém, reivindicam a totalidade do território.
Índia e Paquistão, que se tornaram independentes do Reino Unido em 1947, travaram três guerras, a disputa pela Caxemira central em cada uma delas. Nos anos 1970, o conflito terminou temporariamente com o estabelecimento da Linha de Controle, que dividiu a área disputada em dois.
Os recentes combates começaram após um ataque terrorista numa área turística no lado indiano da Caxemira. No dia 22 de março, homens armados abriram fogo contra turistas em um resort, deixando 26 mortos, em sua maioria indianos hindus, em Pahalgam. A Índia classificou o massacre como um “ataque terrorista” e acusou o país vizinho de apoiar o grupo responsável pela ação, autodenominado “Resistência da Caxemira”.
O Paquistão, por sua vez, negou qualquer envolvimento e retaliou com o fechamento do espaço aéreo para aviões indianos, o cancelamento de vistos e suspensão das relações comerciais com o vizinho. Nova Délhi, em resposta, retirou-se de um acordo de compartilhamento de águas, do qual a agricultura paquistanesa é altamente dependente.