Independentemente de resultado, americanos preveem país dividido após eleições
Reportagem de VEJA conversou com eleitores que aguaradvam para votar no centro do Washington
Durante a fila de quase uma hora de espera que se formou em frente ao centro de recreação de Stead Park, no centro de Washington, D.C., muitos eleitores conversavam sobe o futuro do país e a aflição de votar sem ter a menor ideia sobre quem será o próximo ocupante da Casa Branca.
“Estou com muito medo e ansioso”, confessa Vincent Slatt, 45 anos. “Amanhã, as pessoas vão continuar a viver no país”, completou. Usando um boné em apoio a Kamala Harris, ele conta que se sente angustiado devido ao clima de divisão política que se estabeleceu no país, com as duas campanhas eleitorais fazendo ataques mútuos. “Nos últimos anos, as novas tecnologias deixaram muitos trabalhadores sem trabalho, essa é a receita para a guerra civil”, defende com preocupação o bibliotecário.
A capital americana, de maneira geral, é bastante liberal e tende aos democratas, como a maior parte dos grandes centros urbanos ricos e desenvolvidos dos EUA. As pessoas com quem a reportagem de VEJA conversou estavam mais dispostas a votar em Kamala do que em Trump. Erica Burnett, 39 anos, apesar de reconhecer a polarização, diz acreditar que o clima de animosidade tende a diminuir após as eleições. “Espero que voltemos a ter mais racionalidade. Quem vota nos democratas não acredita em tudo o que o partido diz. E isso vale para os republicanos também.”
Nascida em uma pequena cidade de Massachussetts, um dos estados que devem dar a vitória aos democratas, Katie Beguelle, 28 anos, diz estar aliviada por ter se mudado para a capital. “Minha cidade foi ficando cada vez mais vermelha (a cor dos republicanos). Há algum tempo começaram a promover paradas de orgulho irlandês, uma espécie de ato racista”, conta. “Tenho uma tia trumpista com quem parei de falar por um mês porque o diálogo se tornou impossível.”
Tim Cos, 64 anos, que compareceu para votar ao lado do marido, também se ressente das amizades perdidas. “Não tenho nenhuma pessoa próxima que vota no Trump hoje em dia, mas costumava ter amigos que votavam em republicanos”, diz ele, que reputa a divisão do país ao ex-presidente.
Uma das poucas pessoas da fila a admitir que iria votar em Trump, Nick Howard, 48 anos, considera-se um conservador moderado e sempre votou no Partido Republicano. “Não é nossa melhor opção, mas é o que será melhor para os Estados Unidos”, defende com resignação, sem acreditar que a divisão política ira terminar após o pleito.