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Independência da Escócia é improvável

Realização de novo referendo ainda depende de aprovação pelo parlamento britânico

Por Angela Nunes
Atualizado em 4 jun 2024, 18h09 - Publicado em 28 mar 2017, 22h18

Um dia antes de o governo britânico dar início ao processo de saída da União Europeia (UE), nesta terça-feira, a Escócia solicitou a Londres a realização de um novo referendo para decidir a independência do país. O caminho para uma possível separação do Reino Unido, no entanto, é longo e improvável.

A proposta da primeira-ministra da Escócia Nicola Sturgeon para realização da consulta pública aprovada pelo parlamento escocês depende também do aval britânico para sua realização. A oposição da premiê britânica Theresa May e de outros integrantes do governo será um problema para Sturgeon. “Para May não interessa o plebiscito. Seria muito complicado lidar com as duas situações – a ruptura com a UE e a desintegração do país – ao mesmo tempo”, diz Marcus Vinícius Freitas, professor de direito e relações internacionais da Faap.

Mesmo que aprove a realização do referendo, tudo indica que o parlamento britânico o adiará tanto quanto possível. “Agora não é o momento de falar de um segundo referendo de independência”, disse May em uma entrevista à agência britânica Press Association. May defendeu que com o início das negociações da saída do bloco europeu, o Reino Unido deve se manter coeso para conseguir os melhores resultados. Afirmou também que seria “injusto com as pessoas da Escócia pedir para que tomem uma decisão tão significativa” antes que todos os detalhes do acordo sejam definidos. Já Sturgeon defendeu que o prazo proposto para a realização da consulta, entre o final 2018 e 2019, é suficiente para que os termos do Brexit estejam claros.

O que está por trás

A proximidade da formalização do pedido de saída da UE pela premiê britânica, que acontecerá nesta quarta-feira, abriu uma brecha para que Sturgeon buscasse novamente a separação do Reino Unido.

Líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP), Nicola Sturgeon assumiu o cargo em novembro de 2014, pouco depois de o primeiro referendo para a independência escocesa, também proposto por seu partido, ser rejeitado por 55,3% da população. Apesar da derrota nas urnas, Sturgeon e o SNP ganharam exposição e relevância no cenário nacional.

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Como a primeira consulta pública aconteceu antes da aprovação do Brexit, a primeira-ministra acredita que a situação mudou e que a possibilidade de seguir na UE pode ser decisiva na escolha pela separação do Reino Unido, uma vez que a população é amplamente favorável à permanência no bloco. “A independência consolidaria o poder do SNP. Qualquer atraso atrapalha os planos políticos de Sturgeon e pode arrefecer o processo para que haja o referendo, favorecendo a manutenção da situação atual”, diz Freitas.

Consequências

No cenário atual, a separação da Escócia é improvável, mas a saída da UE será decisiva no resultado de um eventual novo referendo. Um processo traumático reforçaria a rejeição escocesa ao Brexit, influenciando a opinião pública a favor da independência. Caso isso aconteça, os impactos serão sentidos muito além das Ilhas Britânicas.

A separação seria prejudicial não só para o Reino Unido, mas para a própria Escócia e outros países da Europa. Com pouca representatividade geográfica, política e economicamente, a Escócia anseia por sua permanência na União Europeia, mas caso se separe do Reino Unido, sua aceitação no bloco não será automática. “A Escócia não é autossustentável no longo prazo”, afirma Freitas. Além disso, o petróleo, que é um dos trunfos da economia do país “é volátil e seu preço deve cair, não há viabilidade econômica”, completa. Para a Europa, o golpe maior seria o incentivo a outros processos separatistas latentes, caso da Catalunha na Espanha, e da Lombardia e da Sardenha na Itália, por exemplo.

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(Com AFP e EFE)

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