Imprensa internacional repercute explosões na Praça dos Três Poderes
Atentado em Brasília, que deixou um morto e é investigado como 'ataque terrorista', ganhou destaque pelo mundo todo às vésperas da cúpula do G20
As explosões na Praça dos Três Poderes na noite de quarta-feira, 13, que deixaram um morto e um veículo incendiado, atraíram a atenção da imprensa internacional. O atentado, que ocorre a poucos dias do início da cúpula do G20 no Brasil, ganhou destaque em veículos de comunicação como o americano The New York Times, o espanhol El País, o britânico The Guardian, a alemã Deutsche Welle e a rede de notícias catari Al Jazeera.
O NYT noticiou as explosões próximas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que resultaram na morte do autor do atentado, identificado como Francisco Wanderley Luiz. De acordo com o jornal, as autoridades estavam tratando o suspeito como um “lobo solitário”. O veículo também abordou o clima político tenso no Brasil, dizendo que “muitos brasileiros de direita veem o Supremo Tribunal Federal como uma ameaça à democracia, argumentando que está perseguindo vozes conservadoras”.
O El País destacou que as duas explosões ocorreram no “coração político do Brasil”, colocando a cidade em alerta máximo. O jornal fez uma conexão com os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando uma turba de bolsonaristas invadiu a sede dos Três Poderes na tentativa de um golpe de Estado após a eleição de Lula, e sublinhou a proximidade do atentado com a data da cúpula do G20, que receberá líderes de todo o mundo no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro.
O Guardian também destacou preocupação com a segurança do encontro anual do G20, além de informar que o incidente estava sendo investigado como um “ato terrorista” e que o alvo principal era Alexandre de Moraes, o juiz do SFT que supervisiona as investigações sobre o 6 de janeiro e crimes atribuídos a Jair Bolsonaro.
O jornal britânico lembrou da rusga entre Moraes e Elon Musk, devido à suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil por sua recusa em remover contas da rede social acusadas de promover discurso de ódio e de instituir uma representação em território brasileiro. A emissora americana CNN também citou a decisão do ministro do STF, afirmando que “a ordem intensificou uma disputa de meses sobre liberdade de expressão e indignou os apoiadores de Bolsonaro”.
Por sua vez, a Deutsche Welle, rede de notícias da Alemanha, informou que as investigações iniciais indicam que o homem teria cometido suicídio após falhar em sua tentativa de entrar no prédio do STF. O veículo também mencionou que o Supremo tem sido alvo constante de ameaças de grupos extremistas.
Ao reportar o caso, a rede de TV Al Jazeera, do Catar, também destacou que a Praça dos Três Poderes “tem sido alvo de violência política nos últimos anos”.
Atentado
Na noite de quarta-feira, duas explosões foram registradas na região da Praça dos Três Poderes, em Brasília. A primeira ocorreu nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF) e a segunda em uma rua próxima ao Anexo 4 da Câmara dos Deputados. As explosões aconteceram em um intervalo de apenas 20 segundos.
Equipes de bombeiros e militares especializados em explosivos foram imediatamente deslocadas para o local para realizar uma varredura e garantir a segurança. Lá, encontraram o corpo de Francisco Wanderley Luiz, suspeito que foi identificado como a única vítima fatal.
Na manhã desta quinta-feira, a Polícia Militar do Distrito Federal também iniciou uma nova varredura na Praça dos Três Poderes, em busca de possíveis vestígios de bombas ou perigos remanescentes.
Francisco Wanderley Luiz, filiado ao PL, havia sido candidato a vereador em Rio do Sul (SC) nas eleições de 2020, mas com menos de 90 votos, não foi eleito. Antes de cometer o atentado, ele havia publicado alertas em suas redes sociais, anunciando sua intenção de realizar um ataque.