Imagem da semana: Alemanha vai às ruas contra os radicais
Manifestação teve como alvo o partido de extrema direita, o AfD
A avassaladora onda se espalhou pela Alemanha. Em Munique foram mais de 100 000 pessoas. Outras 200 000 marcharam em Berlim. Em todo o país, cerca de 1,4 milhão de cidadãos saíram à rua no sábado 20 para protestar contra o partido de extrema direita, o AfD, a sigla para Alternativa para a Alemanha, agremiação fundada em 2013. O rastilho de pólvora foi a descoberta de uma reunião secreta na qual as lideranças do agrupamento propuseram a infame expulsão de imigrantes, mesmo os que já obtiveram a cidadania alemã. Houve espanto — e natural preocupação — dado o crescimento da simpatia pelos radicais em recentes pesquisas de opinião pública, de modo a medir os humores da sociedade para as eleições regionais de setembro. O medo acelerou ideia polêmica: a cassação do direito de existência do AfD, plano que, para muitos juristas, tende a morrer na alta corte e que pode alimentar o ovo da serpente. Um passeio pela história da primeira metade do século XX ajuda a compreender tanto receio. Uma das manifestações mais simbólicas foi a de luzes contra a treva na frente do Reichstag, o edifício que abriga o Parlamento. Em 1933, quatro semanas depois da escolha de Hitler como chanceler, o prédio foi incendiado, marcando o epílogo da República de Weimar e o início de uma triste era, que começara com o voto democrático. O fogo foi utilizado pelos nazistas como prova de que os comunistas estavam começando uma “conspiração” contra o governo alemão. Todo o cuidado é pouco.
Publicado em VEJA de 26 de janeiro de 2024, edição nº 2877