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Hungria anuncia referendo sobre polêmica lei contra homossexuais

Na prática, lei veta mera menção a gays nas escolas e na TV e a veiculação de séries e filmes consagrados como Harry Potter e Billy Elliot

Por Da Redação 21 jul 2021, 11h44

O governo da Hungria anunciou nesta quarta-feira, 21, que convocará um referendo sobre a nova legislação que limita os ensinos nas escolas sobre homessexualidade e questões de gênero. A medida, divulgada pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, intensifica os conflitos com a União Europeia a respeito da polêmica lei recém-aprovada.

“Nas últimas semanas, Bruxelas atacou a Hungria por causa da lei em defesa dos menores de idade”, disse Orbán ao anunciar pelo Facebook a consulta popular.

Aprovada em junho, a determinação interdita a liberdade de expressão da comunidade LGBTQIA+ e proíbe o debate sobre a diversidade sexual. Na prática, a lei veta a mera menção a gays nas escolas e na TV e a veiculação de séries e filmes consagrados como Harry Potter e Billy Elliot.

Na última semana, a Comissão Europeia iniciou uma ação legal contra a nova medida, que foi incluída em emendas às leis de educação e proteção à criança. Caso siga em frente, a UE poderá aplicar sanções financeiras contra o país, que é hoje o segundo que mais recebe repasses financeiros do bloco, atrás apenas da Polônia.

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Apesar da ação europeia, Orbán pediu a sua população que vote “não” nas cinco perguntas de consulta, que vão desde a permissão para conversar sobre orientação sexual nas escolas até tratamentos para pessoas que não se identificam com o gênero que nasceram. 

“As leis húngaras proíbem a propaganda sexual nas creches, nas escolas, na televisão e na publicidade. Bruxelas pede a modificação das leis de ensino e de proteção de menores”, diz o primeiro-ministro.

Em uma cúpula da União Europeia realizada no mês de junho, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse ao premiê húngaro para respeitar os valores do bloco ou deixá-lo. Viktor Orbán está no poder desde 2010 e se define como um defensor dos valores cristãos tradicionais contra o liberalismo ocidental. 

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Parte do seu sucesso eleitoral se deve às políticas anti-imigração, mas como esse assunto deixou de ser pauta, o foco agora se voltou para questões de gênero. O referendo, ainda sem data para acontecer, abordará cinco perguntas sobre a divulgação de conteúdo de orientação sexual nas escolas sem a autorização dos pais. Ainda não está claro como ele influenciará na nova lei.

A legislação, aprovada em junho, foi criada inicialmente para aumentar as penas por crimes de pedofilia e, por conta disso, recebeu grande apoio inclusive da oposição. Poucos dias antes da votação, o partido do primeiro-ministro acrescentou ao texto a proibição de falar com os menores de idade sobre homossexualidade nas escolas e na imprensa. 

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou a lei como “vergonhosa”. Líderes de dezessete países, entre eles Angela Merkel, da Alemanha, Pedro Sánchez, da Espanha, e Mario Draghi, da Itália, assinaram uma carta de compromisso contra atos de intolerância dirigidos à comunidade LGBTQIA+.

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