Hosni Mubarak: crepúsculo na primavera
O ex-ditador do Egito morreu na terça-feira 25, aos 91 anos, no hospital militar de Galaa, no Cairo
Foi um dia histórico para o país que se tornou, ele mesmo, sinônimo de história. Em 11 de fevereiro de 2011, em meio aos protestos que seriam notabilizados como Primavera Árabe, o então vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, fez na TV estatal um breve pronunciamento para informar que Hosni Mubarak tinha renunciado à Presidência, depois de três décadas de comando com mão de ferro. A multidão, que durante dezoito dias exigira nas ruas do Cairo a saída do ditador, festejou, emocionada. Suleiman também renunciaria, pressionado. “O povo derrubou o regime”, bradavam os manifestantes, ao som de uma orquestra de buzinas.
Na véspera, Mubarak havia dito que permaneceria no posto. Os revoltosos pediram, então, que o Exército se unisse a eles na rebelião. Condenado à prisão perpétua, acusado de responsabilidade pela morte de dezenas de opositores, o ex-ditador teria a pena revogada em 2017. Quatro anos antes, seu substituto, Mohamed Mursi, havia sido deposto — e o Egito voltara a ser uma ditadura, com o general Abdel Fattah al-Si à frente do poder.
Desde que deixara o cargo de presidente, Mubarak tinha sido internado diversas vezes. Morreu na terça-feira 25, aos 91 anos, no hospital militar de Galaa, no Cairo. Em comunicado enviado aos familiares, a Presidência do Egito o chamou de “herói de guerra”.
Publicado em VEJA de 4 de março de 2020, edição nº 2676