Homenagem a jogadora da Itália medalhista em Paris é vandalizada com mensagem racista
A atleta italiana de ascendência nigeriana eleita MVP, Paola Egonu, retratada no desenho teve sua pele pintada de branco
Um mural pintado em Roma que celebra o ouro da seleção feminina de vôlei da Itália na Olímpiada de Paris foi vandalizado nesta terça-feira, 13, com mensagens racistas. A pintura retratava Paola Egonu, atleta com ascendência nigeriana que foi eleita a melhor jogadora da competição.
O desenho, intitulado de “Italian-ness”, foi revelado na segunda-feira em frente à sede do Comitê Olímpico Nacional da Itália. Egonu foi pintada em pleno voo enquanto cravava uma bola de vôlei que exibia a frase: “Pare com o racismo, o ódio, a xenofobia, a ignorância”. Um dia depois, no entanto, a pele da atleta foi pintada de branco e a mensagem antidiscriminação foi apagada. Na manhã desta quarta-feira, 14, a obra foi repintada.
A seleção feminina de vôlei da Itália conquistou no último domingo, 11, seu primeiro ouro na modalidade, ganhando de 3 sets a 0 dos Estados Unidos.
Mensagens de apoio
Em resposta ao ataque racista, o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, publicou a imagem do mural original em seu perfil da plataforma X, antigo Twitter, afirmando que o vandalismo na obra é “simplesmente intolerável”.
“É um insulto a uma grande italiana que levou as cores do nosso país ao topo do mundo e a um artista comprometido. É triste notar que em 2024 ainda existem racistas, prisioneiros de sua própria ignorância que acham que podem fazer a história voltar atrás.”
L’atto di vandalismo sull’opera che ritrae Paola Egonu è semplicemente intollerabile. Si tratta di un insulto ad una grande italiana che ha portato in cima al mondo i colori del nostro Paese e ad un’artista impegnata. E' triste constatare come nel 2024 ci siano ancora razzisti… pic.twitter.com/NVaaZmFpem
— Roberto Gualtieri (@gualtierieurope) August 13, 2024
Já ministra do turismo da Itália, Daniela Santanchè, se pronunciou, afirmando que “é triste ter que dar visibilidade ao gesto covarde daqueles que desfiguraram o mural da esplêndida Paola Egonu, mas toda forma de racismo deve ser denunciada e combatida”.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, também postou uma imagem do mural original no X e expressou sua “total indignação por esse ato sério de racismo grosseiro”.
“Meu compromisso contra qualquer forma de discriminação é máximo, especialmente para conscientizar os mais jovens sobre episódios como esse. Força Paola, você é nosso orgulho”, disse.
Esta não é a primeira vez que a atleta de destaque sofre ataques racistas. Egonu foi alvo de racismo de torcedores italianos enquanto jogava pelo Volley Treviso Spa. Na ocasião, a torcida rival começou a imitar som de macaco toda vez que ela tocava na bola.
Outros atletas italianos também foram alvos de ofensas racistas. Em janeiro, o time de futebol Udinese foi multado após seus torcedores fazerem barulhos de macaco direcionados ao goleiro do Milan, Mike Maignan. Já em 2019, a Federação Italiana de Futebol foi criticada por lançar uma campanha antirracismo que utilizava rostos de macacos.