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Histórico de direitos humanos na Arábia Saudita, sede da Copa de 2034, levanta críticas à Fifa

Reclamações também se estenderam ao modo que os sauditas foram selecionados, numa sucessiva quebra de regras do maior órgão de futebol do mundo

Por Paula Freitas 11 dez 2024, 18h05

O anúncio da Fifa nesta quarta-feira, 11, de que a Arábia Saudita será sede da Copa do Mundo de 2034 repetiu o mesmo caminho controverso do torneio no Catar, em 2022: o de ignorar preocupações sobre o problemático histórico de direitos humanos em ambos os países. As críticas também se estenderam ao modo que os sauditas foram selecionados, numa sucessiva quebra de regras do maior órgão de futebol do mundo — a iniciar pela votação conjunta dos anfitriões das Copas de 2030 e 2034, algo nunca visto na história do torneio.

As sedes foram divulgadas no Congresso Extraordinário da Fifa, que ocorreu em modalidade remota. Não havia concorrentes, e o sistema de votação funcionou em pacote. Ou seja, ir contra a Arábia Saudita consistia num voto contrário aos três países-sede de 2030 (Espanha, Portugal e Marrocos).

Respeitando uma regra sobre rotação continental, a Fifa anunciou em outubro do ano passado que apenas países da Ásia e da Oceania poderiam se candidatar para 2034. Na ocasião, o órgão informou que os interessados teriam somente algumas semanas para formalizar o desejo de receber o maior evento de futebol do mundo. Apenas a título de comparação, a Nova Zelândia, a maior nação da Oceania, têm cerca de 268.021 km², contra 2.150.000 km² da Arábia Saudita.

Os sauditas não perderam tempo e, minutos após o aviso da Fifa, adiantaram que fariam uma oferta. Logo depois, o órgão regional para o futebol na Ásia lançou uma declaração a favor da candidatura, reflexo da campanha de Riad de angariar suporte através de acordos de cooperação e patrocínios com federações de futebol ao redor do globo — das 211 existentes, 140 emitiram cartas de apoio à Arábia Saudita. A vitória, ao que tudo indica, era certa, o que desagradou uma horda de críticos às recentes decisões da Fifa.

+ Fifa confirma Arábia Saudita como sede da Copa do Mundo de 2034

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Direitos humanos e trabalhistas

Nas pegadas do Catar, o anúncio desta quarta-feira gerou preocupações sobre possíveis violações de direitos trabalhistas na empreitada saudita. Um relatório encomendado pela Fifa, divulgado no mês passado, recomendou que a organização assuma a responsabilidade direta por ferimentos nas obras, com compensações financeiras. No caso dos que morreram, seus dependentes deverão receber indenizações, relataram duas pessoas com conhecimento direto do documento ao jornal americano The New York Times.

Em entrevista ao NYT, Michael Page, vice-diretor da divisão do Oriente Médio da Human Rights Watch, advertiu que “há cerca de 13,4 milhões de trabalhadores migrantes na Arábia Saudita, em comparação com dois milhões no Catar”, aumentando a possibilidade de efeitos catastróficos no ramo trabalhista.

Num aspecto mais abrangente, há também preocupação com o problemático histórico de direitos humanos no país. Ainda no ano passado, a Anistia Internacional acusou a Fifa de estar “mais uma vez descartando sua própria política de direitos humanos” e de ser “cúmplice de lavagem esportiva descarada”. O governo saudita apresenta uma legislação discriminatória contra mulheres, em questões como divórcio, custódia de filhos e herança, e usa de violência contra imigrantes e defensores dos direitos humanos.

A ONG emite alertas constantes de que a Arábia Saudita “indivíduos por exercerem pacificamente seus direitos à liberdade de expressão ou associação, e alguns foram condenados a longas penas de prisão ou morte após julgamentos grosseiramente injustos”, acrescentando também que “migrantes foram submetidos a graves abusos de direitos humanos, incluindo assassinatos na fronteira com o Iêmen e tratamento que pode equivaler a tráfico de pessoas para fins de exploração laboral”.

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