O Hamas afirmou que suspendeu as negociações que estavam em curso para a libertação de reféns em função das ações de Israel no Hospital Al-Shifa, em Gaza, informou um representante palestino à agência Reuters neste domingo, 12. Segundo informações reportadas por um funcionário do governo americano à NBC, um acordo estava se desenhando para a libertação de 80 reféns do Hamas em troca de mulheres e adolescentes palestinos detidos por Israel.
Um dos principais complexos hospitalares de Gaza, o Al Shifa foi alvo de um intenso bombardeio neste sábado. Em nota, a organização Médicos Sem Fronteiras relatou que os ataques se deram inclusive sobre a maternidade e o ambulatório, deixando múltiplos mortos e feridos.
O hospital tem 700 leitos e presta atendimento emergencial e cirúrgico. Há relatos de que o local teria sido cercado pelas tropas israelenses e, em meio aos ataques, está sem energia desde sexta-feira. Segundo um cirurgião plástico do hospital, o bombardeio do prédio que abrigava incubadoras forçou os médicos a colocarem bebês prematuros em leitos comuns, usando a pouca energia restante para aquece-los.
Segundo o Médico sem Fronteiras, os ataques impedem a circulação das ambulâncias que vão recolher os feridos e também a evacuação de pacientes e profissionais. Em nota, a instituição afirma que membros da equipe viram pessoas sendo baleadas no momento em que tentavam deixar o hospital.
Os militares israelenses, por outro lado, disseram que estavam prontos para evacuar os bebês de Al Shifa no domingo, mas autoridades palestinas relataram que as pessoas seguem presas no local. Até agora, o hospital registrou a morte de três recém-nascidos, mas outras dezenas estão em risco pela falta de energia. Questionado sobre a situação, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que ofereceu combustível para o hospital, mas que a oferta foi negada.
Israel acusa o Hamas de manter centros de comando nos hospitais de Gaza, mas o grupo nega as alegações. Depois da repercussão internacional, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) negaram que haja um “cerco” e afirmaram que o lado leste do hospital está aberto “para a passagem segura de moradores de Gaza” que queiram deixá-lo e recomenda que médicos, pacientes e outras pessoas que se refugiaram em hospitais da região evacuem o local para que seja possível enfrentar homens do Hamas.