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Hamas diz que não negociará com Israel até que encerre ‘guerra da fome’ em Gaza

'Não faz sentido' considerar novas propostas de trégua, afirmou grupo, após governo israelense aprovar plano de 'conquista' do território palestino

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 Maio 2025, 08h45

O Hamas afirmou nesta terça-feira, 6, que não participará de negociações de trégua com Israel até que o país encerre a “guerra da fome” em Gaza, pouco depois do governo israelense aprovar um plano para a “conquista” do território palestino. A ofensiva intensificada envolveria o deslocamento da “maioria” de seus moradores e uma ocupação militar por tempo indeterminado.

“Não faz sentido iniciar negociações ou considerar novas propostas de cessar-fogo enquanto a guerra da fome e a guerra de extermínio continuarem na Faixa de Gaza”, disse Basem Naim, um alto funcionário do Hamas, à agência de notícias AFP. Ex-ministro da Saúde em Gaza, ele pediu pressão internacional para Tel Aviv pôr fim aos “crimes de fome, sede e assassinatos”.

Na segunda-feira, o gabinete de segurança de Israel aprovou um plano para a Operação Carros de Gideão, que, segundo uma autoridade israelense, envolveria “a conquista da Faixa de Gaza e a manutenção dos territórios”.

Effie Defrin, principal porta-voz militar do país, afirmou que a ofensiva incluiria “a transferência da maior parte da população de Gaza para protegê-la”. Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, afirmou que “a população será transferida para sua própria proteção” em um vídeo publicado nas redes sociais, sem dar detalhes da operação.

Nas últimas semanas, soldados israelenses reforçaram “zonas de proteção” com quilômetros de profundidade ao longo do perímetro da Faixa de Gaza e expandiram seu controle sobre grande parte do norte e do sul do território. Ao todo, mais de 70% do enclave está sob controle de Israel ou sob ordens emitidas pelo governo do país, exigindo que civis esvaziem bairros específicos.

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Negociações travadas

Quase todos os 2,3 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados seguidamente desde o início da guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, no qual militantes mataram cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outras 250. Mais de 52 mil palestinos foram mortos desde então. Um cessar-fogo de dois meses ruiu em meados de março, quando Tel Aviv se negou a implementar uma segunda fase em meio a impasses nas negociações.

As tratativas continuaram desde então, mediadas pelo Catar e pelo Egito, mas com poucos sinais de progresso. O principal entrave é a exigência de Tel Aviv sobre o desarmamento total do Hamas, que por sua vez se recusa a libertar os cerca de 60 reféns restantes (dos quais acredita-se que metade esteja com vida) sem um acordo que leve ao fim permanente das hostilidades, bem como à retirada total das forças israelenses de Gaza.

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Analistas sugerem que as ameaças por parte de Israel sobre uma nova ofensiva, a ocupação de território e o deslocamento em massa da população visam forçar concessões do Hamas, bem como reforçar o apoio dos partidos ultrarreligiosos de extrema direita à coalizão de Netanyahu. Mas não está claro se o grupo terrorista vai ceder. Na segunda-feira, os militantes qualificaram de “chantagem política” a parte do plano de “conquista” de Gaza que diz respeito à entrega de suprimentos aos civis, culpando Tel Aviv pela “catástrofe humanitária” no território.

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Momento de apreensão

A perspectiva de uma nova e intensificada ofensiva israelense gerou profunda preocupação internacional. Jean-Noël Barrot, ministro das Relações Exteriores da França, chamou o plano israelense de “inaceitável” durante entrevista à rádio nesta terça-feira, e declarou que o governo do país está “violando o direito humanitário”.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânico afirmou que o Reino Unido não apoia a expansão das operações israelenses em Gaza, enquanto António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, se disse “alarmado” com um plano que “levará inevitavelmente à morte de inúmeros civis e à destruição de Gaza”.

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Autoridades humanitárias avaliam que o território está à beira de uma catástrofe. Gaza enfrenta escassez de alimentos e combustível devido a um bloqueio total imposto por Israel em 2 de março.

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Tel Aviv disse na segunda-feira que poderia permitir a entrada de uma quantidade limitada de suprimentos em Gaza, que seriam distribuídos a partir de um número reduzido de centros recém-construídos no sul do território, com funcionários terceirizados, mas protegidos por soldados israelenses. O plano é visto como impraticável, perigoso e potencialmente ilegal.

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Aliados de Israel, os Estados Unidos não comentaram diretamente a ameaça de uma nova ofensiva, mas o presidente do país, Donald Trump, disse na segunda-feira que seu governo ajudaria a levar alimentos aos palestinos “famintos”. Ele culpou o Hamas por tornar isso “impossível” ao desviar a assistência humanitária para seus combatentes.

Autoridades israelenses informaram que a nova operação não começará antes de Trump concluir uma turnê pelo Oriente Médio, com escalas na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar, na próxima semana.

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