Guiana e Venezuela prometem ‘diminuir controvérsia’ sobre Essequibo
Em reunião com poucos resultados, Maduro e o presidente guianês, Irfaan Ali, disseram que vão 'continuar diálogo' a respeito de disputa territorial
Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, declararam nesta quinta-feira, 14, estar dispostos a “continuar com o diálogo” sobre Essequibo, região guianesa que o governo de Caracas busca anexar. Após uma reunião sem muitos frutos, no país caribenho de São Vicente e Granadinas, a disputa segue acesa.
Após o primeiro encontro entre os dois líderes desde a escalada da disputa, mediante um referendo venezuelano que aprovou a incorporação do território vizinho, Maduro e Ali deram um aperto de mão e, de acordo com o governo venezuelano, se comprometeram a “diminuir a controvérsia em relação ao território de Essequibo”.
A região, que equivale a dois terços da Guiana, é reivindicada há anos pela Venezuela.
Reunião
Quando Maduro desembarcou em São Vicente e Granadinas nesta quinta-feira, afirmou que chegou “com a bandeira da paz e o mandato do povo venezuelano em alto”.
Sob a iminência de um conflito armado na fronteira com o Brasil, o governo Lula despachou o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, ao encontro, para fazer as vezes de mediador.
Os resultados rasos da reunião, porém, eram esperados. Em declarações nos últimos dias, Venezuela e Guiana se mostraram intransigentes em relação às suas demandas. Irfaan Ali disse que não vai querer tratar de Essequibo no encontro, enquanto Maduro prometeu defender o “direito legítimo” de seu país sobre o território. Mesmo assim, o encontro tem sido visto como um primeiro passo para aplacar os ânimos de uma crise inflamada.
A disputa
A região conturbada, de 160 mil km², compõe 74% do território da Guiana, país que administra a área desde 1996, ano em que declarou independência do Reino Unido. A Venezuela contrapõe que o local foi retirado de seu domínio pela arbitrária Sentença de Paris, de 1899.
A disputa voltou a esquentar em 2015, quando foi descoberto petróleo na região de Essequibo. Estima-se que, por lá, existam reservas de 11 bilhões de barris. A maior parte estaria offshore, ou seja, no mar. Por causa das reservas fósseis, a Guiana tornou-se o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.
Na última sexta-feira, 8, Maduro assinou um conjunto de decretos para transformar a região de Essequibo no estado venezuelano de Guiana Essequiba. Uma semana antes, o líder de Caracas já havia bradado a “vitória esmagadora” do plano de tomada do território após a divulgação do resultado do controverso plebiscito realizado entre os eleitores do país – mais de 95% daqueles que foram às urnas votaram a favor da criação do novo estado.