Diante da violenta reação do regime de Nicolás Maduro ao ingresso da ajuda humanitária na Venezuela, o autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, que a comunidade internacional deve considerar o uso de “todas as cartas” contra Caracas. Guaidó anunciou sua presença a reunião do Grupo de Lima, em Bogotá, na segunda-feira, 25, para discutir “posições diplomáticas”. Embora não integre esse fórum de pressão pela redemocratização da Venezuela, o governo dos Estados Unidos será representado por seu vice-presidente, Mike Pence.
Para o encontro de Bogotá, o Brasil enviou especialmente o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, e o chanceler Ernesto Araújo.
“Minha responsabilidade é encontrar uma saída e conseguir o ingresso dessa ajuda. Vamos buscar os caminhos”, afirmou Guaidó em Cúcuta, do lado colombiano da fronteira com a Venezuela.
Os confrontos entre manifestantes pró-ajuda e tropas da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) resultaram nas mortes de nove mortos – cinco na divisa com a Colômbia e quatro na fronteira com o Brasil. De acordo com o governo colombiano, 285 feridos foram atendidos em hospitais locais. Na região de fronteira com o Brasil, 25 pessoas sofreram ferimentos, segundo a prefeitura de Santa Helena do Uairén. Dessas 16 estão em tratamento no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista.
Guaidó qualificou Nicolás Maduro como um governante “sádico”, capaz de ordenar a queima de alimentos necessários para a população de seu país e agressões militares contra seu povo. Novamente, fez um apelo para os militares de seu país abandonarem o apoio ao regime e passarem para o lado da oposição e da Constituição. Desde a manhã deste sábado, 60 desertaram, passando para o lado colombiano da fronteira.
“Hoje foi vista a pior cara do regime. O mundo viu, em minutos e horas, a pior cara da ditadura venezuelana. Viram também que não existe liberdade na Venezuela. Queimaram comida necessária. Por Deus!”, afirmou Guaidó. “Agora, militares das forças armadas, o pronunciamento deve ser em bloco. Os senhores das forças armadas não devem lealdade a um homem que queima comida na frente de um povo faminto, que queima remédios diante de um povo enfermo.”
Indignado, Guaidó salientou o ataque de militares contra indígenas da comunidade indígena de Kumarakapai, a cerca de 80 quilômetros de Pacaraima (RR), como um “massacre”. “Miraflores tomou hoje o pior caminho. Por acão e por omissão. Por ação, grupos armados dispararam contra manifestantes. Massacraram nossos indígenas, os filhos de nossos ancestrais, um povo que exige de forma pacífica e constitucional”, declarou.