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Guaidó admite manter conversas ‘clandestinas’ com militares venezuelanos

Em Brasília, general Mourão avalia que destino de Maduro será decidido em breve pelas Forças Armadas

Por Da Redação
31 jan 2019, 18h59

O autoproclamado presidente interino da Venezuela e líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, afirmou em artigo no jornal americano The New York Times que manteve reuniões secretas com militares para discutir o fim do apoio das Forças Armadas ao governo de Nicolás Maduro.

No texto publicado nesta quarta-feira 30, Guaidó diz ainda que o apoio do Exército venezuelano é “crucial” para seus esforços de derrubar o regime de Maduro.

“A transição exigirá o apoio de contingentes militares importantes. Tivemos reuniões clandestinas com membros das Forças Armadas e das forças de segurança”, escreveu. “Oferecemos anistia a todos aqueles que não forem considerados culpados por crimes contra a humanidade”.

O líder opositor se autoproclamou presidente interino na semana passada, argumentando que a reeleição de Maduro era ilegítima e que ele, como presidente da Assembleia Nacional, era o responsável por assumir o poder, segundo a Constituição.

Rapidamente ganhou o apoio dos Estados Unidos e de vários países da América Latina, inclusive do Brasil. Nesta quinta-feira, 31, também foi reconhecido pelo Parlamento Europeu, que pediu que a União Europeia (UE) e os países do bloco legitimem sua liderança.

‘Tempo de Maduro está se esgotando’

Em seu artigo no New York Times, Guaidó conta como se tornou deputado e participou de diversos movimentos e manifestações contra o governo de Hugo Chávez e também em oposição à atual administração.

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“Um padrão se desenvolveu sob o regime de Maduro. Quando a pressão aumenta, o primeiro recurso é reprimir e perseguir”, afirma. “Eu sei disso porque resíduos de munição disparadas por membros das Forças Armadas – contra manifestantes pacíficos em 2017 – ainda permanecem alojados em meu próprio corpo”.

“O tempo de Maduro está se esgotando, mas para administrar sua saída com o mínimo de derramamento de sangue, toda a Venezuela deve se unir para pressionar por um fim definitivo ao seu regime”, escreveu.

“Para isso, precisamos do apoio de governos, instituições e indivíduos pró-democratas em todo o mundo”, completou, pedindo a proteção do Grupo de Lima, Organização dos Estados Americanos (OEA), ONU, Estados Unidos e UE.

Maduro venceu com folga as eleições realizadas no país em maio do ano passado, mas a oposição e parte da comunidade internacional, incluindo o Brasil, afirmam que o pleito foi ilegítimo. Os mesmos países não consideram legítimo seu terceiro mandato, iniciado em 10 de janeiro.

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Sob o governo do chavista, a Venezuela enfrenta um colapso econômico, marcado pela hiperinflação e escassez de produtos de primeira necessidade, como alimentos e remédios. Quase 2,3 milhões de cidadãos abandonaram o país.

Tudo tem limite

Em Brasília, o vice-presidente Hamilton Mourão avaliou que o destino do governo de Nicolás Maduro, será decidido pelas próprias Forças Armadas do país vizinho. Em entrevista à imprensa, o general afirmou também que acredita que esse “momento” está “chegando”.

“A questão da Venezuela será resolvida no momento em que as Forças Armadas venezuelanas se derem conta (da situação)”, disse nesta quinta-feira, 31. “O país está fechado em si mesmo (…) Nós, militares, entendemos que tudo tem um limite.”

Na conversa com os jornalistas, Mourão reiterou que o governo brasileiro não intervirá. “Nós temos a tradição de não intervir nas questões internas de outros países. Não vamos cruzar uma linha de algo que sabemos como começa e não sabemos como termina”, afirmou.

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Ao comentar os pedidos da oposição venezuelana de bloqueio de ativos de autoridades venezuelanas no Brasil e de imposição de sanções, o vice-presidente afirmou que a proposta foi discutida. Ele ressaltou que o governo brasileiro sofre “pressões” para tomar medidas contra o governo de Nicolás Maduro, mas não confirmou se alguma ação será tomada.

Os Estados Unidos impuseram recentemente novas sanções contra a companhia estatal Petróleos de Venezuela, a PDVSA.

(Com Estadão Conteúdo)

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