Grécia promete grandes tesouros ao Reino Unido por esculturas do Partenon
'Se as esculturas forem reunidas em Atenas, a Grécia está preparada para organizar exposições rotativas que preencheriam o vazio', diz ministra
A ministra da Cultura da Grécia, Lina Mendoni, prometeu “preencher o vazio” do British Museum caso os mármores de Elgin, esculturas de 2.500 anos de idade pertencentes ao Partenon grego, sejam devolvidas ao país de origem. Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, ela mostrou que Atenas está disposta a mover montanhas para recuperar as icônicas obras de artes.
“Nossa posição é clara”, disse Lina. “Se as esculturas forem reunidas em Atenas, a Grécia está preparada para organizar exposições rotativas de antiguidades importantes que preencheriam o vazio”.
“Elas preencheriam o vazio, manteriam e renovariam constantemente o interesse dos visitantes internacionais nas galerias gregas do Museu Britânico”, acrescentou.
+ A guerra diplomática em torno dos mármores de Elgin
A ideia de intercâmbio cultural começou a ser ventilada logo após a ascensão ao poder do primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, em 2019. Mas agora parece ganhar corpo. Ao ser questionada se Londres solicitou obras específicas, a ministra afirmou que as discussões não chegaram a esse ponto.
No entanto, Lina alertou que “qualquer acordo e todas as suas particularidades teriam de estar de acordo com a lei grega sobre o patrimônio cultural”. A ministra é arqueóloga de formação clássica e tem na repatriação do Partenon uma das principais bandeiras de sua gestão.
Os dois lados começaram a sinalizar para uma parceria em que ambos saíssem ganhando, numa mudança radical de postura. O presidente do British Museum, George Osborne, deu a entender que uma parceria pode estar próxima.
“Queremos criar uma parceria adequada”, disse Osborne aos deputados do comitê de cultura, comunicação social e desportos em outubro. “O que significaria objetos da Grécia vindo para cá, objetos que potencialmente nunca deixaram a Grécia antes e certamente nunca foram vistos antes, e objetos da coleção do Partenon potencialmente viajando para a Grécia.”
Ele é o primeiro a reconhecer a controvérsia histórica em que as peças foram adquiridas pelo museu que hoje administra. Em 1816, o British Museum as comprou do falido Lord Elgin , um ex-embaixador do Império Otomano, que por sua vez as removeu do templo do Partenon e de outros lugares da Acrópole de Atenas
As produções, vistas como o ponto alto da arte na era clássica, ficaram no meio de um dos maiores entreveiros diplomáticos no campo das artes dos últimos tempos. Em novembro deste ano, a disputa ganhou um novo capítulo pouco amistoso, após a recusa do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, em encontrar-se com Mitsotakis.