Namorados: Assine Digital Completo por 1,99

Governo Lula alerta EUA que tarifaço pode prejudicar relação comercial

Documento enviado a escritório de comércio dos EUA destaca consequências negativas da guerra comercial e acusa Trump de violar compromissos da OMC

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 mar 2025, 08h46 - Publicado em 26 mar 2025, 08h34

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertou num documento oficial enviado ao Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), que a perspectiva de um tarifaço do presidente americano, Donald Trump, contra o Brasil pode “prejudicar gravemente” a relação comercial entre os dois países.

O USTR é uma das entidades encarregadas por Trump de fazer uma revisão de trocas comerciais consideradas “injustas” pelo republicano. O documento foi protocolado depois que o órgão abriu, em 20 de fevereiro, uma consulta pública para que cidadãos, empresas e outras instituições fizessem comentários a respeito da medida de “tarifas recíprocas”, que o governo Trump promete implementar a partir de 2 de abril. O instrumento funciona como uma forma de retaliação comercial: os Estados Unidos passarão a cobrar sobre importações estrangeiras o mesmo percentual de taxas que esses países aplicam sobre produtos americanos.

Segundo o banco Bradesco, a tarifa média brasileira de importação para os Estados Unidos é de 11,3%, com alíquotas mais elevadas para bens de consumo e quase inexistentes para combustíveis. Em contrapartida, as tarifas aplicadas pelos americanos aos produtos brasileiros são significativamente mais baixas, com uma média de apenas 2,2%. No entanto, o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), ressaltou que a tarifa efetivamente aplicada pelo Brasil no comércio com os Estados Unidos é de apenas 2,7% em média, abaixo do índice nominal de 11,3%.

+ Em meio a guerra comercial de Trump, EUA ampliam negócios com Brasil em setor em crise

O ônus das tarifas recíprocas se somaria à alta de impostos já aplicada ao aço e alumínio – cerca de metade das exportações de aço do Brasil vai para os Estados Unidos, o que coloca em risco uma fatia importante da produção siderúrgica brasileira. Segundo dados do governo americano, no ano passado, o Canadá foi seu maior fornecedor de aço, em volume, com 20,9% do total, seguido por Brasil (16%) e México (11,1%). 

O que diz o Brasil?

No documento, que foi protocolado em 11 de março, o governo brasileiro estimou em US$ 7,4 bilhões (cerca de R$ 42,18 bilhões) o prejuízo com as tarifas, o que é equivalente ao superávit registrado pelos Estados Unidos com o Brasil no ano passado. O destaca que as taxas pesariam sobre a integração das cadeias produtivas entre os dois países e afetariam os negócios dos americanos.

Continua após a publicidade

“Os Estados Unidos desfrutaram de um superávit comercial consistente com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos, acumulando um superávit total de US$ 160 bilhões em bens e mais de US$ 410 bilhões em bens e serviços, de acordo com as estatísticas dos EUA”, disse a declaração.

Mais contundentes são as críticas do governo Lula na parte que trata das tarifas recíprocas, afirmando que elas vão contra as regras e compromissos da Organização Mundial do Comércio: “É importante destacar que a abordagem dos Estados Unidos sobre a questão viola seus compromissos legais sob a OMC, desfaz o equilíbrio alcançado em negociações passadas e é prejudicial às suas relações econômicas com parceiros de longa data, como o Brasil.”

+ Trump confirma tarifas recíprocas para 2 de abril, sem exceções para aço e alumínio

O documento argumenta que, se Washington está infeliz com as tarifas acordadas no âmbito da OMC, a saída é renegociar esses valores com seus parceiros, e não iniciar uma guerra comercial.

Continua após a publicidade

Além disso, sobre a principal queixa dos Estados Unidos – as barreiras comerciais do Brasil à importação de etanol – o texto alega que o imposto aplicado está dentro dos limites permitidos pela OMC e “reflete as características econômicas, sociais e ambientais relacionadas à produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, particularmente na região Nordeste do país”.

“No mesmo setor de açúcar e álcool, enquanto a tarifa sobre as importações de açúcar no Brasil é de 7%, os Estados Unidos mantêm uma tarifa de US$ 340 por tonelada (equivalente a uma taxa de aproximadamente 80%), o que penaliza as exportações brasileiras do produto para os Estados Unidos. Para registro, o Brasil não aplica nenhuma tarifa equivalente a um imposto de 80%”, diz.

Na aparente tentativa de se equilibrar entre críticas e não despertar a ira de Trump, o governo Lula conclui no documento que os objetivos dos Estados Unidos de desenvolver a indústria nacional e gerar empregos (as justificativas por trás dos tarifaços) são legítimos. No entanto, ressalta que as políticas comerciais não devem violar entendimentos prévios entre os dois países. Do contrário, arrisca-se “alimentar uma espiral negativa de medidas que poderiam prejudicar gravemente nossa relação comercial mutuamente benéfica”.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.