Geórgia prende mais de 220 após 4 dias de protestos a favor de adesão à UE
Manifestações tomam conta do país em meio a suspeita de fraude nas eleições; premiê pró-Rússia diz ter encerrado processo de entrada no bloco europeu
Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas na Geórgia neste domingo, dia 1º, durante a quarta noite consecutiva de protestos contra a decisão do governo de suspender as negociações sobre a adesão do país à União Europeia.
Na capital Tbilisi, os manifestantes se reuniram do lado de fora do parlamento, agitando bandeiras da UE. Além da capital, os protestos tomaram conta de pelo menos outras sete cidades, bloqueando a estrada de acesso ao principal porto comercial do país na cidade de Poti, no Mar Negro, informou a agência de notícias georgiana Interpress.
Os policiais responderam de forma violenta aos protestos, perseguindo e agredindo os manifestantes. Ao menos 224 pessoas foram detidas por acusações administrativas e outras três por acusações criminais, informou o Ministério do Interior da Geórgia na segunda-feira.
O partido do primeiro-ministro Irakli Kobakhidze, Sonho Georgiano, acusado de promover políticas cada vez mais autoritárias, antieuropeias e pró-Rússia, afirmou que tomou a decisão de suspender as negociações sobre a adesão para proteger a Geórgia contra interferências estrangeiras em seus assuntos internos.
“Qualquer violação será enfrentada com todo o rigor da lei. Nem aqueles políticos que se escondem em seus escritórios e sacrificam membros de seus grupos violentos a punições severas escaparão da responsabilidade”, afirmou o premiê em um comunicado.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que as portas do bloco estão abertas para o país do Leste Europeu, alegando que “o retorno da Geórgia ao caminho da UE está nas mãos da liderança georgiana”.
Eleições contestadas
As tensões na Geórgia vêm aumentando desde que o Sonho Georgiano reivindicou a vitória em uma eleição contestada pela oposição no final de outubro.
A presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, tem tem posições pró-UE, afirmou que seu país está se tornando um estado “quase russo” e que o Sonho Georgiano controla as principais instituições georgianas.
“Temos apenas uma demanda, que é baseada na Constituição. A única maneira de alcançar a estabilidade é por meio de novas eleições, não há outra maneira”, disse Zurabishvili em uma reunião de líderes da oposição no domingo, um dia após dizer que não pretende deixar o cargo quando seu mandato acabar em dezembro.
No sábado, o premiê Kobakhidze rejeitou os apelos por uma nova votação. “A formação do novo governo com base nas eleições parlamentares de 26 de outubro foi concluída”, sublinhou.
O Parlamento Europeu, por sua vez, rejeitou o resultado do pleito e pediu sanções contra Kobakhidze e seus aliados, após a UE solicitar uma investigação sobre a votação de outubro por “graves irregularidades eleitorais”.