George Clooney puxa Hollywood ao coro pela desistência de Joe Biden
Um dos principais arrecadadores do Partido Democrata, ator disse que presidente dos EUA 'não pode vencer é a luta contra o tempo' e deve abandonar corrida
O ator George Clooney, um dos principais arrecadadores do Partido Democrata, apelou nesta quarta-feira, 10, ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para que desista das eleições que decidirão o futuro da Casa Branca, previstas para 5 de novembro. Em artigo de opinião no jornal americano The New York Times, intitulado “Eu amo Joe Biden. Mas precisamos de um novo candidato”, Clooney disse que “a única batalha que ele [Biden] não pode vencer é a luta contra o tempo”, em referência ao mau desempenho do democrata, de 81 anos, no debate contra o ex-presidente Donald Trump.
“É devastador dizer isso, mas o Joe Biden com quem eu estava há três semanas na arrecadação de fundos não era o Joe “big f-ing deal” Biden de 2010. Ele nem era o Joe Biden de 2020. Ele era o mesmo homem que todos nós testemunhamos no debate”, escreveu ele. “Ele estava cansado? Sim. Um resfriado? Talvez. Mas nossos líderes partidários precisam parar de nos dizer que 51 milhões de pessoas não viram o que acabamos de ver”.
No texto, o ator de Hollywood argumentou que os democratas estavam “tão aterrorizados com a perspectiva de um segundo mandato de Trump” que falharam em notar “todos os sinais de alerta”. Nos últimos meses, Biden confundiu Ucrânia com Faixa de Gaza, durante anúncio de ajuda humanitária aos palestinos; trocou os nomes dos líderes do Egito e do México, Abdel Fattah al-Sisi e Andrés Manuel López Obrador, respectivamente; e chamou o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, de François Mitterrand, antigo presidente da França, morto em 1996.
“Como democratas, nós coletivamente prendemos a respiração ou abaixamos o volume sempre que vemos o presidente, que respeitamos, sair do Air Force One ou voltar para um microfone para responder a uma pergunta improvisada”, pontuou. “É justo apontar essas coisas? Tem que ser. Isso é sobre idade. Nada mais. Mas também nada que possa ser revertido. Não vamos vencer em novembro com esse presidente”.
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Biden fora da corrida
Além disso, Clooney afirmou que, caso o ciclo não se rompa, os democratas também perderão na Câmara e no Senado dos EUA, acrescentando que os congressistas do partido estão “optando por esperar para ver se a represa rompe”. Ele avaliou, então, que surgem duas opções: “podemos enfiar a cabeça na areia e rezar por um milagre em novembro, ou podemos falar a verdade”. Em seguida, o ator apelou para que outro candidato desponte da Convenção Democrata, marcada para agosto, e continue a campanha presidencial de onde Biden parou.
“Não ungimos líderes nem nos deixamos levar por um culto à personalidade; votamos em um presidente”, afirmou. “Podemos facilmente prever um grupo de vários democratas fortes se apresentando para nos dizer por que eles são os mais qualificados para liderar este país e enfrentar algumas das tendências profundamente preocupantes que estamos vendo na turnê de vingança que Donald Trump chama de campanha presidencial.”
Entre os democratas que poderiam assumir o posto, na avaliação de Clooney, estariam “Wes Moore e Kamala Harris e Gretchen Whitmer e Gavin Newsom e Andy Beshear e JB Pritzker”. Ele apontou, por fim, que a “democracia é confusa”, mas que a desistência de Biden “acordaria os eleitores” e permitiria que os Estados Unidos seguisse os passos dos “cerca de 200 candidatos franceses que se afastaram e colocaram suas ambições pessoais em espera para salvar sua democracia da extrema direita”, acerca das eleições legislativas da França que terminaram com a vitória antes impensável da coligação de esquerda, Nova Frente Popular (NPF).
“Joe Biden é um herói; ele salvou a democracia em 2020. Precisamos que ele faça isso novamente em 2024”, concluiu.