Fotos que mostram multidão em posse de Trump foram editadas
Investigação do governo americano revelou que fotógrafo que registrou o evento fez cortes em algumas imagens para deixá-las mais favoráveis ao republicano

Um fotógrafo do governo dos Estados Unidos editou as fotos da cerimônia de posse do presidente Donald Trump para parecer que havia mais pessoas assistindo ao evento, revelou o jornal britânico The Guardian nesta quinta-feira (6).
Segundo documentos de uma investigação sobre o caso obtidos pelo jornal por meio da Lei de Liberdade de Informação americana, a equipe de Trump solicitou mais fotos do evento aos fotógrafos depois que o republicano ficou irritado ao perceber que seu público era menor do que o da cerimônia de posse de Barack Obama em 2009.
As imagens foram alteradas para cobrir um corredor vazio nos espaços dedicados ao público em frente ao Capitólio dos Estados Unidos, em Washington D.C., durante a cerimônia de posse. A edição foi revelada por um relatório produzido após uma investigação do Departamento do Interior dos Estados Unidos.
Os documentos obtidos pelo Guardian não deixam claro quais fotografias do evento foram editadas ou se elas foram publicadas de fato pela equipe de Trump. O relatório relata, porém, algumas conversas entre o presidente e membros de sua equipe com os responsáveis pelas fotos.
De acordo com o jornal britânico, Trump e seu então assessor de imprensa Sean Spicer ligaram para o responsável pelo Serviço Nacional de Parques (NPS), que havia fotografado o evento, logo na manhã seguinte após a cerimônia de posse. Eles teriam pedido por fotografias que mostrassem “o verdadeiro tamanho da cerimônia”.
O diretor do NPS, Michael Reynolds, solicitou então a uma de suas funcionárias que cuidasse da questão. A assessora de comunicação responsável afirmou aos investigadores que “assumiu” que as fotografias que Trump estava pedindo “precisavam ser recortadas”. Ela então contatou o fotógrafo do NPS que havia coberto o evento no dia anterior.
Segundo o próprio fotógrafo, os assessores do NPS pediram que “editasse algumas fotos a mais” para uma segunda avaliação. Ele então editou as fotos para fazer com que parecessem mais simétricas, cortando parte do céu e recortando o fundo onde a multidão terminava. “Ele disse que fez isso para mostrar que a multidão era maior”, dizem os investigadores no relatório obtido pelo Guardian.
Os documentos também mostram que Sean Spicer esteve muito envolvido no esforço para obter fotografias mais favoráveis, telefonando mais de uma vez para o NPS para cobrar imagens melhores. O relatório, porém, não afirma explicitamente que ele ou o presidente Donald Trump tenham pedido para que as fotos fossem editadas.
A investigação revela, aparentemente, a primeira grande crise do governo Trump. Após o evento, a Casa Branca chegou, inclusive, a afirmar erroneamente que o evento havia atraído o maior público de uma cerimônia de posse na história dos Estados Unidos.