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Caos irrompe no primeiro dia de distribuição de ajuda em Gaza

Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, perdeu controle no processo de distribuição de alimentos

Por Paula Freitas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 Maio 2025, 14h31 - Publicado em 27 Maio 2025, 17h56

As Forças de Defesa de Israel (FDI) abriram fogo nesta terça-feira, 27, enquanto uma multidão de palestinos aguardava para receber ajuda humanitária da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, mas alvo de críticas das Nações Unidas e de organizações não governamentais. Centenas de milhares de pessoas se destinaram a Rafah, ao sul, para o novo ponto de entrega de suprimentos. A GHF, no entanto, perdeu o controle do processo de distribuição, dando início a um tumulto.

“Em um momento no final da tarde, o volume de pessoas no SDS (centro de distribuição seguro) era tal que a equipe do GHF recuou para permitir que um pequeno número de palestinos em Gaza recebesse ajuda em segurança e se dissipasse”, disse o grupo em comunicado.

O GHF afirmou que a decisão de abandonar o local “foi tomada de acordo com o protocolo”, com o objetivo de “evitar baixas”. O exército israelense, por sua vez, afirmou que disparou “tiros de advertência” perto do complexo para retomar o controle. A falha foi reconhecida pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Em discurso, ele explicou que houve uma “perda momentânea de controle” durante a distribuição de alimentos, mas que “felizmente” a ordem foi recuperada.

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Críticas da ONU

Agências das Nações Unidas já haviam alertado que a recém-criada GHF não tinha experiência ou estrutura para conseguir atender os mais de 2 milhões de palestinos desesperados por comida, medicamentos e água. A cena dos tiros e da população em fuga foi “de partir o coração”, disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, uma vez que a entidade tem um “plano detalhado, baseado em princípios e operacionalmente sólido” para enviar ajuda, ao contrário da fundação.

“Continuamos a enfatizar que uma ampliação significativa das operações humanitárias é essencial para evitar a fome e atender às necessidades de todos os civis, onde quer que estejam”, afirmou Dujarric, em apelo para que Israel permita que os 3.000 caminhões com ajuda que aguardam na fronteira entrem em Gaza.

Mais cedo, o porta-voz do escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, em inglês), Jens Laerke, criticou a atuação da GHF, definindo-a como “uma distração do que é realmente necessário”. Ele também pediu para que Israel libere os milhares de caminhões que aguardam permissão na fronteira. Ele disse os veículos que recebem o sinal verde israelense são “selecionados a dedo”, o que agrava a catástrofe humanitária por atrasar o recebimento de alimentos, medicamentos e água pelos palestinos.

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Cenas chocantes e renúncia

Uma imagem compartilhada pela emissora israelense 12 News mostra palestinos amontoados à espera da ajuda humanitária da organização americana, numa cena que lembra aos campos de concentração nazistas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Multidão em local de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. 27/05/2025
Multidão em local de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. 27/05/2025 (12 News/Twitter)

No domingo, 25, o diretor da GHF, Jake Wood, anunciou que havia deixado o cargo, afirmando em comunicado: “Está claro que não é possível implementar este plano respeitando rigorosamente os princípios humanitários de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência, dos quais não abrirei mão”. No início deste mês, Wood escreveu uma carta a Israel em que afirmava que não compartilharia nenhuma informação com o governo israelense que fosse capaz de identificar os palestinos que recebem ajuda humanitária.

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Fome e insegurança alimentar

A população da Faixa de Gaza, composta por 2,3 milhões de pessoas antes da guerra, está em “risco crítico” de fome e enfrenta “níveis extremos de insegurança alimentar”, apontou um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), apoiada por agências das Nações Unidas, grupos de ajuda e governos.

O documento indicou que o cessar-fogo, que durou de janeiro a março, “levou a um alívio temporário” em Gaza, mas as novas hostilidades israelenses “reverteram” as melhorias. Cerca de 1,95 milhão de pessoas, ou 93% da população de Gaza, vivem níveis de insegurança alimentar aguda. Desse número, mais de 244 mil enfrentam graus “catastróficos”. A fome generalizada, segundo a pesquisa, é “cada vez mais provável” no território. No momento, meio milhão de palestinos, um em cada cinco, estão famintos em Gaza.

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