Fisesp visita parlamento de Israel e alerta: ‘Lula não nos representa’
Missão da Federação Israelita do Estado de São Paulo discutiu temas espinhosos com chefe do Knesset, Amir Ohana, como reconhecimento da Palestina
Uma delegação da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) se encontrou nesta quinta-feira, 23, com Amir Ohana, líder do Knesset, o Parlamento israelense, em Jerusalém. De acordo com a organização, o objetivo era demonstrar “apoio total” da comunidade judaica a Israel em sua guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, numa visita que ocorre logo após três nações europeias anunciarem que vão passar a reconhecer o Estado da Palestina.
Marcos Knobel, presidente da Fisesp e líder da missão de 43 dirigentes comunitários brasileiros que viajou a Jerusalém no domingo, 19, garantiu a Ohana que Tel Aviv tem o apoio do povo brasileiro e que as opiniões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não refletiriam a forma como a população pensa.
No início deste ano, o petista foi declarado persona non grata pelo governo israelense após ter comparado as mortes de civis palestinos em Gaza — que chegaram a 35 mil — com o Holocausto dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
“O povo brasileiro está com Israel. O posicionamento da comunidade judaica é de total apoio a Israel. As opiniões do presidente Lula não representam a opinião da maioria dos brasileiros, que apoiam Israel em sua luta contra o Hamas”, declarou Knobel.
O presidente da Fisesp também emitiu apoio ao combate ao antissemitismo e ao “retorno imediato” dos cerca de 125 reféns que ainda estão na Faixa de Gaza.
Reconhecimento da Palestina
Durante a reunião com as lideranças brasileiras, Ohana afirmou que o recente reconhecimento por Noruega, Espanha e Irlanda do Estado Palestino “não ajuda em nada o futuro da região” e “acaba premiando o Hamas” após os ataques terroristas de 7 de outubro, que fizeram eclodir a guerra em Gaza.
Após o encontro, Ohana publicou um agradecimento à delegação brasileira no X, antigo Twitter, reafirmando os laços entre Israel e os judeus da diáspora.
Met with the Keren HaYesod delegation of Jewish communal leadership from Sao Paolo, Brazil, to talk about Israel’s strategic vision for combating terror & antisemitism worldwide. Thank you for your solidarity & for reaffirming the imperishable bond between Israel & diaspora Jews. pic.twitter.com/wgqpylPtRN
— Amir Ohana – אמיר אוחנה (@AmirOhana) May 23, 2024
O presidente Lula exaltou a decisão das nações europeias de reconhecer a Palestina como um Estado, como fez o Brasil em 2010. No X, o brasileiro afirmou que a iniciativa dos europeus é “histórica por duas razões”:
“Faz justiça em relação ao pleito de um todo um povo, reconhecido por mais de 140 países, por seu direito à autodeterminação. Além disso, essa decisão terá efeito positivo em apoio aos esforços por uma paz e estabilidade na região. Isso só ocorrerá quando for garantida a existência de um Estado Palestino independente”, escreveu Lula.
“O Brasil foi um dos primeiros países na América Latina a assumir essa posição, quando em 2010 reconheceu o Estado da Palestina nas fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”, concluiu o presidente.