Extrema direita apresenta plano de deportar 600 mil imigrantes em cinco anos no Reino Unido
Plano do líder do Reform UK, Nigel Farage, inclui centros de detenção, voos diários e saída do país de tratados internacionais

O líder do partido de extrema direita britânico Reform UK, Nigel Farage, anunciou nesta terça-feira, 26, um plano de deportação em massa que prevê a remoção de até 600 mil imigrantes do Reino Unido em cinco anos, caso conquiste o poder na próxima eleição. A proposta inclui a construção de centros de detenção, voos diários de repatriação e saída de tratados internacionais.
Apenas em 2024, o Reino Unido recebeu 108.100 pedidos de asilo, uma alta de 20% em relação ao ano anterior. Farage prometeu endurecer a política migratória caso a sigla, atualmente à frente em pesquisas nacionais, chegue ao poder. Segundo ele, a mudança legal abriria caminho para deportações em massa já no começo de um eventual mandato, com um fundo de £2 bilhões (cerca de R$ 14,2 bilhões) destinado a firmar acordos de retorno com países de origem, e sanções contra aqueles que se recusarem a colaborar.
Mais de 28 mil pessoas atravessaram o Canal da Mancha em pequenas embarcações neste ano, um aumento de 46% em relação ao mesmo período de 2024. Pelo projeto, qualquer estrangeiro que chegasse em barcos no Reino Unido ficaria impedido de solicitar refúgio e seria automaticamente deportado. O programa também prevê o pagamento de £2,5 mil (R$ 17,7 mil) a quem aceitar o retorno voluntário.
O chamado Projeto de Lei da Migração Ilegal obrigaria o governo a romper compromissos internacionais como a Convenção Europeia de Direitos Humanos — criada para proteger direitos fundamentais — e a Convenção dos Refugiados, de 1951, que impede signatários de devolver pessoas a países onde possam enfrentar perseguição, tortura ou risco de morte. Além disso, o Reform UK pretende construir centros de remoção em áreas remotas, com capacidade para deter até 24 mil pessoas em 18 meses, e ampliar os voos fretados de deportação para cinco por dia.
Com custo estimado de £10 bilhões (R$ 71 bilhões), que, segundo o partido, seriam compensados pela economia em políticas de assistência, o plano foi imediatamente criticado por adversários. O Partido Trabalhista classificou as medidas como “impraticáveis”, enquanto os Conservadores acusaram o Reform de imitar propostas que já haviam sido apresentadas.
Com a imigração já vista como a principal preocupação dos britânicos, superando até a economia em pesquisas de opinião, a proposta de Farage pressiona diretamente o primeiro-ministro Keir Starmer, do Partido Trabalhista. Apesar de contar com apenas quatro parlamentares, o partido de extrema direita lidera as intenções de voto e aposta no endurecimento da agenda migratória para consolidar sua posição. Se implementadas, as medidas representariam a maior onda de deportações da história recente do país, muito além dos 10.652 retornos registrados até junho deste ano, segundo o Ministério do Interior.