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Ex-procuradora venezuelana chega ao Brasil após ameaça de prisão

Nicolás Maduro ameaçou pedir a prisão de Luisa Ortega à Interpol, a polícia internacional

Por Da redação
Atualizado em 10 dez 2018, 09h24 - Publicado em 23 ago 2017, 10h17

A ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega, que fugiu de seu país após denunciar perseguição política, chegou ao Brasil na madrugada desta quarta-feira. Exilada na Colômbia, ela prometeu falar em casos de corrupção envolvendo o regime chavista e a Odebrecht. Na terça-feira, o ditador Nicolás Maduro anunciou que pedirá a sua prisão à Interpol, a polícia internacional.

Ortega estava fortemente protegida por guardas em sua chegada ao aeroporto de Brasília, onde participará nesta quarta-feira de um encontro oficial de procuradores do Mercosul a convite da Procuradoria brasileira.

“Sim, vou falar da Odebrecht, do caso de corrupção na Venezuela e da minha situação”, disse a ex-procuradora, que afirma ter provas de pagamentos ilegais da Odebrecht a integrantes do governo venezuelano, incluindo Maduro.

Horas antes, em Caracas, o presidente venezuelano falou sobre a ex-funcionária, apoiadora do ex-presidente Hugo Chávez mas rompeu com Maduro em março, após denunciar uma ruptura da ordem constitucional no país caribenho. Ortega foi destituída no dia 5 de agosto pela Assembleia Constituinte que agora comanda o país com poderes absolutos.

“A Venezuela vai solicitar à Interpol um código vermelho a estas pessoas envolvidas em crimes graves”, disse em uma entrevista coletiva. A advertência do presidente coincidiu com a viagem da ex-procuradora para o Brasil. Ela estava na Colômbia desde a sexta-feira junto com seu marido.

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Até o momento, o governo de Michel Temer não se manifestou publicamente sobre a chegada de Ortega. Não se sabe se a Interpol aceitará o pedido de prisão anunciado por Maduro. Está previsto nos estatutos da polícia internacional que é “rigorosamente proibido intervir em questões ou assuntos de caráter político, militar, religioso ou racial”.

 

Conexão Odebrecht

Antes de chegar a Bogotá, a ex-funcionária participou por videoconferência de um encontro de procuradores, realizado na sexta-feira em Puebla, México.

Lá Ortega acusou o presidente Maduro de envolvimento no escândalo de corrupção internacional da empreiteira Odebrecht.

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“Temos o detalhe de toda a cooperação, montantes e personagens que enriqueceram. A investigação envolve o senhor Nicolás Maduro e seu entorno”, disse a ex-funcionária.

No domingo, Maduro contra-atacou. Em entrevista à televisão venezuelana, ele disse que a ex-procuradora bloqueou investigações ordenadas por ele sobre casos de corrupção.

Segundo o chefe de Estado, Ortega alertou as empresas vinculadas ao setor petroleiro que estavam sob suspeita em troca de milhões de dólares.

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Ruptura com Maduro

Até março deste ano, Ortega ainda era considerada uma aliada do regime chavista. O divórcio definitivo ocorreu com o anúncio da convocação de de uma Assembleia Constituinte. A ex-procuradora tentou, sem sucesso, inviabilizá-la com vários recursos judiciais.

Nos últimos quatro meses, os protestos contra o regime deixaram mais de 130 mortos.

Vídeo: quem são as vítimas de Maduro

(Com AFP)

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