Ex-presidente sul-coreana é acusada de desviar fundos secretos
Park Geun-Hye já é julgada por um enorme escândalo de corrupção que envolve grandes empresas do país
A destituída presidente da Coreia do Sul Park Geun-Hye, que já está sendo julgada por corrupção, foi também acusada nesta quinta-feira de desviar milhões de dólares de fundos secretos procedentes dos serviços de inteligência do país.
Segundo a imprensa local, Park teria recebido todos os meses, entre 2013 e meados de 2016, entre 50 e 200 milhões de wons (150.000 e 600.000 reais) do serviço nacional de inteligência, o NIS. A soma de tudo que recebeu chegou a 3,65 bilhões de wons (10,9 milhões de reais).
O dinheiro era entregue, segundo a imprensa, pelos agentes da inteligência a conselheiros de Park e procediam dos fundos especiais que os serviços inteligência podem usar sem prestar contas a ninguém.
A ex-presidente teria usado esses fundos com gastos pessoais, como aplicação de botox, roupas de grife, presentes para amigos e a manutenção de sua residência privada. Além disso, segundo um funcionário do escritório da Promotoria central de Seul, Park também destinava o dinheiro para subornos a assessores e outros funcionários públicos.
Ainda segundo a mesma fonte, um veredicto no novo caso pode sair nos próximos meses. As acusações anteriores contra a ex-presidente já poderiam deixá-la na cadeia para o resto da vida.
Park foi destituída pelo parlamento em 9 de dezembro de 2016, uma decisão confirmada em março pelo Tribunal Constitucional, e acusada em abril por um escândalo de corrupção no qual estão envolvidas grandes companhias do país, como Samsung.
Foi acusada de conluio com uma amiga de longa data, Choi Soon-sil, para conseguir dezenas de milhões de dólares de empresas em propinas e extorsão. A queda da presidente ocorreu após meses de protestos, que levaram milhões de sul-coreanos às ruas.
Em outubro de 2017, Park disse ser vítima de “vingança política” e os advogados dela se demitiram coletivamente, em um aparente protesto após um tribunal de Seul decidir estender sua prisão. O tribunal apontou novos advogados desde então, mas ela não tem comparecido às audiências, alegando estar doente.
Filha de um ditador que divide opiniões, Park tornou-se a primeira presidente da Coreia do Sul no início de 2013. Um pequeno número de partidários dela, muitos acima de 50 anos, têm se manifestado nos últimos meses por sua libertação.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)