Ex-advogado de Trump admite ter mentido ao Congresso sobre trama russa
Pressionado, presidente americano afirma que Michael Cohen é 'fraco' e trapaceia para conseguir 'redução de pena'
Michael Cohen, advogado pessoal de longa data do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se declarou culpado nesta quinta-feira (29) por ter feito declarações falsas ao Congresso durante a investigação sobre a interferência russa nas eleições americanas de 2016.
Cohen apresentou a um tribunal federal de Manhattan sua admissão de culpa. Em troca de sua cooperação com os investigadores, o advogado de 52 anos tem expectativa de receber uma sentença menos dura.
A confissão, contudo, aumentou a pressão sobre Trump em meio a outro inquérito, conduzido pelo procurador especial Robert Mueller, que também investiga se a campanha eleitoral do atual presidente colaborou com Moscou em suas tentativas de manipular a política americana.
A investigação também parece chegar aos negócios do republicano, aos quais Cohen teve acesso durante seus anos como executivo líder nos negócios imobiliários de Trump em Nova York.
Atrito com Trump
Depois da confissão de culpa de seu advogado, Trump criticou Cohen por mentir ao tribunal de Manhattan como meio de conseguir “uma redução de pena”.
“Ele é uma pessoa fraca, e o que ele está tentando conseguir é uma sentença reduzida, e é por isso que ele está mentindo sobre um projeto que todos conheciam”, declarou Trump nesta quinta-feira à imprensa.
Cohen, que já foi um dos principais conselheiros Trump, começou a cooperar também com a equipe de Mueller depois de ter se declarado culpado dos crimes de fraude bancária e violações da lei sobre financiamento de campanha eleitoral. Ele firmara um acordo separado com a promotoria de Nova York em 21 de agosto passado.
Em setembro, seu próprio advogado disse que ele havia fornecido “informações importantes” para a equipe de investigação do procurador especial Robert Mueller sobre o caso da interferência russa nas eleições americanas de 2016.
Cohen também confessou ter feito, antes das eleições de 2016, pagamentos secretos à estrela pornô Stormy Daniels e à ex-modelo da Playboy Karen McDougal em troca do silêncio delas sobre supostos casos extraconjugais de Trump.
O advogado chegou a dizer, inclusive, que o atual presidente sabia dos subornos e o reembolsou pelos valores pagos.
Confissão
No documento de confissão apresentado ao tribunal de Manhattan, Cohen admitiu ter mentido ao Congresso americano sobre um projeto de construção de um arranha-céu da marca Trump na capital russa, que acabou não se materializando.
O advogado mentiu aos comitês de Inteligência do Senado e da Câmara dos Deputados para criar a impressão falsa de que o empreendimento imobiliário moscovita havia terminado quando a temporada de primárias partidárias começou nos Estados Unidos.
Cohen havia dito que todos os esforços ligados ao projeto em Moscou haviam cessado em janeiro de 2016. Porém, admitiu agora que continuaram até junho do mesmo ano, quando a campanha para as primárias republicanas já havia começado.
O advogado ainda afirmou que, em comunicado enviado ao Congresso, alegou ter tido contato limitado com Trump sobre o projeto. Na verdade, esteve muito ligado ao empreendimento. Cohen também admitiu ter mentido ao Congresso ao dizer que nunca fez preparativos para viajar à Rússia.
(Com Reuters, AFP e EFE)