EUA sobem o tom e suspendem negociações com a Rússia por tempo indeterminado
Trata-se de um sinal de degradação das relações entre Donald Trump e Vladimir Putin, de quem se aproximou desde o retorno à Casa Branca

A Rússia disse nesta segunda-feira, 16, que os Estados Unidos suspenderam as negociações para normalizar as relações entre os dois países. Trata-se de um sinal de degradação das relações entre o presidente americano, Donald Trump, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, de quem se aproximou desde o retorno à Casa Branca em fevereiro.
“A partir de hoje, a próxima reunião no âmbito das consultas bilaterais sobre a eliminação de ‘irritantes’, a fim de normalizar as atividades das missões diplomáticas de ambos os países, foi cancelada por iniciativa dos negociadores americanos”, informou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova. “Esperamos que a pausa que eles fizeram não dure muito tempo.”
Na semana passada, a Rússia havia anunciado que as negociações, que ocorrem em paralelo às tratativas sobre o fim da guerra na Ucrânia, seriam transferidas de Istambul, na Turquia, para Moscou. Embora negue que as conversas estejam empacadas, o Kremlin citou “muitos bloqueios nas relações bilaterais” entre os dois países, adiantando que as discussões não produziriam resultados rápidos.
Ambas as partes argumentam que a melhora de laços estreitos pode levar a valiosos acordos comerciais e de investimento. O otimismo de Trump, que disse que acabaria com a guerra “em 24 horas” caso retornasse à Presidência, parece estar se esvaindo. Ao todo, Trump e Putin tiveram cinco telefonemas, o mais recente no último sábado, mas o republicano tem expressado frustrações com as decisões do Kremlin.
O afastamento entre Putin e Trump ocorre enquanto o líder dos EUA está no Canadá para a cúpula dos líderes do G7, grupo que reúne as sete maiores economias do mundo — Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão. Ele, que se aproximou de Putin às custas do relacionamento com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, está sob pressão dos integrantes do grupo para que suba o tom com a Rússia. Afinal, um dos pontos analisados na cúpula será o conflito na Ucrânia.
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Trocas de farpas
No final de maio, Trump disse que Putin estava “absolutamente louco” por lançar o maior ataque aéreo contra a Ucrânia desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. Em publicação na Truth Social, plataforma da qual é dono, o republicano teceu críticas a Putin, de quem se aproximou ao retornar à Casa Branca, e afirmou que as decisões do líder do Kremlin podem levar “à queda da Rússia”.
“Algo aconteceu com ele (Putin). Ele ficou completamente LOUCO!”, escreveu Trump. “Eu sempre disse que ele quer TODA a Ucrânia, não apenas um pedaço dela, e talvez isso esteja se mostrando certo, mas se ele fizer isso, levará à queda da Rússia!”
Em comentários separados, o líder americano disse a repórteres que não sabe “o que há de errado” com Putin e questionou: “O que diabos aconteceu com ele? Certo? Ele está matando muita gente. Não estou feliz com isso”. Trump também adiantou que cogita aplicar novas sanções a Moscou — um pedido recorrente de Zelensky.
Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, agradeceu Trump pelo apoio nas negociações de paz, mas frisou que “este é um momento muito crucial, que está associado, é claro, à sobrecarga emocional de todos e às reações emocionais”, em crítica velada ao americano. Os ataques russos com mais de 350 drones e nove mísseis tiveram início na madrugada de sábado para domingo e causaram a morte de 12 pessoas, incluindo três crianças na região norte de Zhytomyr, disseram autoridades ucranianas à agência de notícias Reuters.