EUA planejam barrar tecnologia e avanços da China em cabos submarinos
Medida tem como objetivo impedir que adversários estrangeiros, especialmente Pequim, tenham acesso a dados sensíveis

Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira, 16, que vão restringir o uso de equipamentos e tecnologias chinesas em cabos submarinos que se conectam ao país. A medida, divulgada pela Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês), tem como objetivo impedir que adversários estrangeiros, especialmente a China, tenham acesso sobre uma das infraestruturas mais estratégicas da internet.
Historicamente controlados pelo Ocidente, esses sistemas têm atraído cada vez mais investimentos chineses, intensificando a guerra tecnológica entre Pequim e Washington.
“Estamos reforçando a segurança dos cabos submarinos contra ameaças cibernéticas, físicas e de propriedade estrangeira”, afirmou o presidente da FCC, Brendan Carr. Os EUA monitoram mais de 400 cabos submarinos que hoje respondem por 99% do tráfego internacional da internet.
Esses cabos, basicamente “invisíveis” ao público, são cruciais para o funcionamento da internet global. Eles garantem desde chamadas de vídeo e transações financeiras até o uso de serviços em nuvem e o treinamento de inteligências artificiais.
Os EUA expressam há anos preocupação com o papel da China no gerenciamento do tráfego de dados e no potencial de espionagem digital. Em 2020, o governo americano já havia barrado projetos que pretendiam conectar o país a Hong Kong. Desde então, os alertas se intensificaram, especialmente após incidentes como o corte de cabos no Mar Báltico, ataques atribuídos a rebeldes houthis no Mar Vermelho e a interrupção da internet em Taiwan, quando navios chineses teriam rompido os dois únicos cabos que atendem às Ilhas Matsu.
No ano passado, diante da escalada das tensões, a FCC iniciou uma revisão das normas que regulam a instalação de cabos submarinos e passou a considerar a proibição do uso de equipamentos fabricados por empresas consideradas ameaça à segurança nacional, como Huawei, ZTE, China Telecom e China Mobile.
Os países do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros seis membros — se mobilizam para construir uma alternativa própria. Durante a 17ª Cúpula de Chefes de Estado do bloco, realizada no Rio de Janeiro, foi aprovada a realização de um estudo de viabilidade técnica e econômica para a criação de uma rede de cabos submarinos de alta velocidade conectando diretamente os países-membros.
O objetivo é aumentar a autonomia tecnológica, reforçar a segurança na troca de dados e garantir que a infraestrutura digital esteja sob controle dos próprios países do bloco. O estudo será financiado pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).