EUA pedem relação de votos e Milei afirma que Maduro foi derrotado na Venezuela
Além do presidente da Argentina, União Europeia, Chile e Estados Unidos não reconhecem resultado do pleito no país
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, manifestou nesta segunda-feira, 29, “grave preocupação” com a possibilidade de o resultado das eleições presidenciais da Venezuela não representar a realidade.
Segundo Blinken, há evidências de que a vitória de Nicolás Maduro não esteja alinhada “à vontade do povo”. Blinken pediu apuração “justa e transparente”.
“Os Estados Unidos têm sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade nem os votos do povo venezuelano e pedem que as autoridades eleitorais publiquem uma relação detalhada dos votos”, afirmou Blinken.
O comunicado se dá após o Conselho Nacional Eleitoral do país, órgão federal controlado pela ditadura, apontar vitória de Maduro com 51% dos votos.
Nos últimos meses, pesquisas de opinião apontavam que o favorito na corrida eleitoral era Edmundo González Urrutia, candidato que substituiu a líder da oposição, María Corina Machado, impedida de concorrer pelo regime chavista.
O presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou que reconhece a vitória da oposição. Milei pediu que o presidente Maduro deixe a Presidência da República.
“Ditador Maduro, fora! Os venezuelanos decidiram acabar com a ditadura comunista de Nicolás Maduro. Os dados apontam uma vitória acachapante da oposição e o mundo espera o reconhecimento desta derrota depois de anos de socialismo, miséria, decadência e morte. A Argentina não vai reconhecer outra fraude e espera que as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular desta vez”, afirmou Milei.
O líder do Uruguai, Luis Lacalle Pou, de centro-direita, por sua vez, também rejeitou a vitória governista.
“Não se pode reconhecer um triunfo se não se confia na forma e nos mecanismos utilizados para chegar a ele”, escreveu o uruguaio nas redes sociais.
Além dos presidentes da Argentina e do Uruguai, governos de esquerda da América Latina optaram pela cautela sobre os resultados.
Gabriel Boric, do Chile, afirmou que “os resultados são difíceis de acreditar”, enquanto o chanceler Luis Gilberto Murillo, da Colômbia, que é presidida por Gustavo Petro, também de esquerda, exigiu “contagem total dos votos”.
“O regime de Maduro deve compreender que os resultados são difíceis de acreditar. A comunidade internacional e especialmente o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigem total transparência das atas e do processo”, escreveu Boric nas redes sociais. “Do Chile não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável”, concluiu.
Os governos do Peru, Costa Rica e Guatemala também demonstraram cautela quanto ao resultado.
Chanceler do Peru, Javier González-Olaechea afirmou que convocará o embaixador do país na Venezuela para consultas diante do “grave anúncio oficial das autoridades eleitorais venezuelanas”.
Na Guatemala, o mandatário, Bernardo Arévalo, disse ter recebido a vitória de Maduro “com muitas dúvidas”.
“A Venezuela merece resultado transparente, preciso e que corresponda à vontade do povo”, disse Arévalo.
A mesma linha foi seguida pela Costa Rica. O presidente, Rodrigo Chaves, considerou a vitória “fraudulenta”.
Na Europa, o governo da Espanha, por meio do ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, pediu para que o processo sofra averiguação externa.
“Queremos total transparência e pedimos a publicação das atas mesa por mesa. Queremos que se garanta transparência. A chave é essa publicação de dados, mesa por mesa, para que sejam verificáveis”, disse.
Aliados de Maduro apoiam vitória governista
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, parabenizou Maduro. Moscou afirmou que a relação bilateral entre Rússia e Venezuela continuará “estratégica”. E disse que os dois países vão desenvolver ações conjuntas em “todas as áreas”.
Em Cuba, o ditador Miguel Díaz-Canel cumprimentou Maduro através da rede social X, ex-Twitter. “Hoje triunfou a dignidade e o valor do povo venezuelano sobre pressões e manipulações”, escreveu.
Na China, o Ministério das Relações Exteriores de Pequim afirmou que está “disposto a enriquecer a associação estratégica” com Caracas.