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EUA pedem cautela da América Latina com China e Rússia

Em visita a Santiago, secretário americano de Estado ouve "não" do presidente chileno a intervenção militar na Venezuela

Por Da Redação
Atualizado em 12 abr 2019, 21h16 - Publicado em 12 abr 2019, 20h51

Em périplo pela América Latina, o secretário americano de Estado, Mike Pompeo, defendeu o distanciamento da região da China e da Rússia, países que ainda mantêm apoio ao regime de Nicolás Maduro, da Venezuela. Os dois países, segundo Pompeo,  “montam armadilhas”, “ignoram as regras” e “espalham a desordem “.

“Os líderes da América do Sul se tornaram mais lúcidos e desconfiados de falsos amigos. China, Rússia estão definitivamente batendo na porta, mas uma vez que eles entram na casa, eles montam armadilhas, ignoram as regras e propagam desordem “, disse o chefe da diplomacia americana. “Felizmente, a América do Sul não está comprando isso e nem nós”, acrescentou Pompeo em sua primeira parada, Santiago, no Chile.

Pompeo desembarcou nesta sexta-feira, 12, em Santiago e foi recebido pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, e pelo ministro das Relações Exteriores, Roberto Ampuero. Em conferência realizada em um centro de convenções, ele reiterou a política do governo de Donald Trump para a América Latina que, atualmente, se concentra na derrocada do regime de Maduro e na contenção da imigração centro-americana.

Pompeo criticou especialmente o financiamento concedido pela China ao governo venezuelano.  Há uma lição a ser aprendida: a China e outros estão sendo hipócritas ao pedir a não intervenção nos assuntos da Venezuela. Suas próprias intervenções financeiras ajudaram a destruir o país”, disse.

Capital corrosivo

Não é de hoje que Pompeo tenta convencer os países da região a conter o ingresso de capital chinês. Pequim, porém, é um dos raros mercados com liquidez para investir em infraestrutura e nas produção de outros países, sobretudo nos capazes de prover matérias-primas minerais e alimentares, como é o caso da América Latina. No Chile, ele voltou a insistir nessa temática.

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“Frequentemente, (a China) injeta capital corrosivo, dando lugar à corrupção e erodindo o bom governo”, afirmou.

Citou como exemplo a represa Coca Codo Sinclair, na selva do Equador, financiada e construída pela China, que agora funciona a média capacidade por problemas em sua construção e administração, segundo Pompeo. Vários de seus executivos estão presos por corrupção. O projeto, detalhou, incluiu um investimento de 19 bilhões de dólares de empréstimos chineses. Como garantia, este país obteve 80% do petróleo do Equador com um desconto, e depois o revendeu.

“Este parece um parceiro de confiança?”, perguntou Pompeo.

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A América Latina “também deve ser cautelosa com a Rússia“, acrescentou Pompeo, pedindo aos países da região que não tolerem que este país aumente a tensão em países como Venezuela e Nicarágua.

Isolamento de Maduro

A Venezuela esteve no centro das conversas entre Pompeo e seus interlocutores chilenos. Mas enquanto Washington cogita a intervenção militar para depor o governo de Nicolás Maduro, Piñera reiterou sua posição de que a democratização da Venezuela deve seguir “sempre de maneira democrática e pacífica, descartando uma intervenção militar”. Trata-se da mesma decisão tomada pelo Brasil e os demais membros do Grupo de Lima.

Pompeo agradeceu Piñera por “ajudar a isolar” o governo de Maduro e por “mostrar compaixão” aos venezuelanos que fugiram da pior crise humanitária em tempos de paz na Venezuela, de onde mais de 3 milhões partiram desde 2015, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). O Chile já recebeu cerca de 300.000 refugiados.

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A visita de Pompeo ao Chile, primeira etapa de uma viagem que o levará a Paraguai, Peru e Colômbia, acontece às vésperas de uma reunião do Grupo de Lima na próxima segunda-feira, 15, em Santiago.

“Os Estados Unidos e seus aliados continuarão a apoiar os venezuelanos por sua corajosa defesa da democracia”, disse Pompeo, em comunicado à imprensa com Ampuero no final do almoço.

O chefe da diplomacia americana também garantiu que continuará trabalhando com países como o Chile para “condenar a violência e a repressão perpetradas por (Daniel) Ortega”, o presidente da Nicarágua, que vive uma crise política.

(Com AFP)

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